Renato Kramer

Cida Moreira lança seu novo CD, 'Soledade', em show memorável

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O palco do Sesc Pompéia (SP) ficou pequeno para o talento da cantora Cida Moreira que lançou nesta sexta-feira (30) o seu mais recente trabalho: o CD Soledade, pela gravadora Joia Moderna.

Se Joia Moderna é o nome da gravadora, "joia rara" é um dos adjetivos mais adequados ao novo trabalho da cantora. Todos os 'Brasis' cabem em "Soledade".

A 'Dama da Voz', mais 'indigna' do que nunca, escolheu um repertório da maior qualidade e apoderou-se dele com muita delicadeza e sensibilidade. Desde os clássicos Chico Buarque (Construção), Gilberto Gil (Bom Dia), Jards Macalé (Poema da Rosa) e Milton Nascimento (Um Gosto de Sol) —incluindo belas canções dos amigos que já partiram Zé Rodrix (Ultima Voz do Brasil), Taiguara (Outra Cena) e Nico Nicolaiewski (Feito Um Picolé no Sol)— às músicas escolhidas a dedo de compositores mais jovens, como Arthur Nogueira, Hélio Flanders, André Frateschi e Thiago Pethit.

É que tudo o que a cantora canta assume automaticamente a poderosa verve de Cida Moreira: a voz encorpada, super afinada e de timbre privilegiado brinca em mil e uma nuances emprestadas às diversas sensações exigidas pelas canções. Ora sai em tom enérgico e voluptuoso, ora manso e suave como se fosse orquestrada por um maestro interno instalado em sua alma.

Sim, Cida Moreira é uma cantora que ainda canta com a alma. Em meio a tantas falsas divas que viram do avesso em clipes vertiginosos e arranjos mirabolantes para esconder a pobreza vocal, Cida Moreira, essa 'diva da vèro', faz jus ao adjetivo pelo talento nato que soube lapidar com o tempo e alcançar a sabedoria de não soltar um 'ai' desnecessário, uma nota apenas que não seja no tom adequado à emoção do momento. O silêncio de Cida é musical.

A doce "Moreninha" contrasta com "O Pulso" (Titãs). Mas Cida Moreira transita com tal desenvoltura e elegância entre tantos estilos musicais que "Soledade" se torna uma obra rica em sons, em emoções e em harmonia: tudo é envolto na presença marcante, na postura nobre, no bom gosto musical e na maestria com que domina o seu ofício a nossa "Dama da Voz".

No lançamento, vestindo um figurino deslumbrante e envolta numa bela iluminação, Cida Moreira acompanhou-se ao piano mas também contou com quatro músicos da melhor qualidade: Omar Campos (violão), Izaías Amorim (contrabaixo), Sérgio Chica (percussão) e Iuri Salvagnini (acordeon). O projeto gráfico ficou por conta de Humberto Vieira, a direção musical foi realizada por Omar Campos e pela própria Cida Moreira. Há de se dizer: "Soledade" é joia rara.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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