Renato Kramer

'Superar a gente não supera nunca', diz Ana Rosa sobre perder um filho

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A atriz Ana Rosa foi a convidada do "Damas da TV" (Viva) na última terça-feira (20).

Ana Rosa perdeu o seu primeiro filho de leucemia (Maurício, um ano e dois meses) quando tinha apenas 18 anos e era casada com o ator Dedé Santana. Em 1995, a atriz teve outra perda dolorosa: a filha Ana Luiza, 18, do seu segundo casamento com o também ator Guilherme Corrêa (1930-2006), foi atropelada no Rio de Janeiro.

A atriz confessa que foram três os fatores que a ajudaram a sobreviver a tanta dor: a sua religião (Espiritismo), o seu trabalho como atriz e uma boa terapia. "Se não fosse isso, eu acho que tinha pirado!", confidencia a atriz detentora do 'Guinness' de maior participação em telenovelas.

"A única coisa que nos iguala, a todos os seres humanos, independentemente de raça, cor, de tudo, é a morte. É a única certeza que nós temos na vida. E ninguém pensa nisso. Em termos, né? Mas é uma coisa que a gente deveria ter sempre em mente é que somos finitos fisicamente. O que nos torna diferentes uns dos outros é o espírito —é aquilo que nós pensamos, que nós fazemos, aquilo que queremos e, principalmente, o exemplo que a gente deixa", declara Ana Rosa.

E ressalta ainda a responsabilidade que devem ter as pessoas públicas: "Tudo o que a gente fala, alguém está ouvindo e pode usar aquilo. Então, a responsabilidade de pessoas que trabalham em meios de comunicação é muito grande. As pessoas deviam ter sempre muito presente a consciência do que estão passando, do que estão transmitindo", observa.

Em "O Rei do Gado" (Globo - 1996), no ano seguinte à morte da filha, Ana fez o papel de Maria Rosa, esposa do senador Caxias (Carlos Vereza). "Quando me convidaram eu não aceitei. Eu não queria trabalhar, tava naquela fase muito triste, muito dolorosa. Então o diretor Luiz Fernando Carvalho insistiu, e a novela acabou sendo um trabalho bom, porque a personagem era uma mulher muito sofrida, uma mulher frustrada", o que a ajudou de certa forma a exorcizar todo aquele sofrimento.


A atriz destaca também a sua participação em "Três Irmãs" (2008), como Virgínia Jequitibá: "Voltar a protagonizar uma história já com idade avançada não é muito comum, porque são poucas as tramas com protagonistas de uma certa faixa etária. Mas foi um trabalho muito gostoso. O Denis (Carvalho) é um diretor muito preciso, rápido, ágil —eu também sou, então foi muito gostoso, a gente trocou bastante", relembra.

Como ela entrou para o "Guinness World Records"? "Eu sempre tive tudo anotado, desde que comecei a fazer televisão (1964). Tinha uma banca de jornal próxima a TV Tupi e o dono sempre me avisava quando saía algo em alguma revista, algum jornal —e desde então eu comecei a fazer meus álbuns. Como eu já tinha tudo isso arrumadinho, eu só tive que juntar tudo com um atestado de três pessoas idôneas e mandar para o Guinness. Eles conferiram o material e, como ninguém contestou, eu entrei para o livro dos recordes. Eu estava na 43ª novela na época. Depois, como acho que ninguém mandou mais nada, eu continuo lá!", conta Ana Rosa.

A atriz entrou para a faculdade aos 62 anos (2004) e, mesmo não parando de trabalhar na televisão, no cinema e no teatro e mantendo todos os cuidados com a família, conseguiu se formar em Cinema. "Eu ainda quero sim usar isso. Enquanto eu estiver aqui, enquanto o 'papai do céu' me der saúde, eu quero trabalhar. Porque eu sou muito ativa, tenho muita energia, felizmente, e a gente tem que usar isso!", encerra a grande dama da televisão brasileira Ana Rosa.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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