Renato Kramer

'Eu pareço ser muito mais forte do que eu sou', diz Gisele Bündchen

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"Você vai parar mesmo quando a maior parte das pessoas está começando, ou isso é um novo começo?", perguntou Lilian Pacce ao iniciar a entrevista com a "top das tops" no primeiro episódio do "Especial Gisele Bündchen" (GNT) na última segunda-feira (4).

"Eu não tô parando, eu tô simplesmente esvaziando um pouquinho o meu copo", explicou Gisele —que, aos 34 anos de idade, completando 20 de carreira, anunciou que iria deixar as passarelas.

"Eu tô abrindo um pouco de espaço pra deixar a vida me mostrar outras possibilidades —porque a minha vida tá cheia desde os 14 anos e cada vez ela fica mais cheia, porque desde que eu virei mãe as minhas prioridades mudaram bastante", argumenta a top. "Eu acho que 20 anos tá bom, né?".


Sobre seguir sempre a sua intuição, a top declara: "Eu acho que ela está ali para todos nós, só que as vezes a gente não dá espaço para escutá-la. Mas se você prestar atenção, se você sentir, o nosso corpo vai te falar, porque ou você vai sentir uma leveza ou uma pressão —aí, você já sabe a resposta", afirma Gisele.

A top revelou um momento importante em que a sua intuição falou mais alto. Já fazia oito anos que Gisele trabalhava para a Victoria's Secret quando foi convidada a renovar o contrato. Algo em seu íntimo lhe deixava em dúvida e ela pediu a Deus que a orientasse em sonho —como muitas vezes acontece, confessa a modelo. Mas não veio mensagem nenhuma no sonho e nem a meditação lhe trouxe a resposta imediata que precisava para decidir o seu destino na empresa que na época representava 80% do seu orçamento.

Mais tarde foi tomar um chá e colocou na xícara dois papeizinhos, um escrito sim e outro não. Ela pegou o "não". Teve certeza de que aquele era o recado que precisava receber. Pegou o telefone e ligou para agradecer os oito anos de trabalho que teve na empresa, dizendo que não renovaria o contrato.

"Quando você sente alguma coisa tem que seguir. E eu já não segui algumas vezes e me arrependi. Então agora eu sigo, eu sigo o meu coração", declara Bündchen.


"E olhando para uma foto sua pequena, o que é que você sente?", pergunta Pacce.

"As pessoas davam muita risada de mim: eu era Olivia Palito, saracura, girafa... Era isso o que eu ouvia. E por mais que você não queira acreditar —porque as coisas só se tornam verdade se você aceita elas como verdade, mas com 13, 14 anos você não tem essa ideia. Você acha que se todo o mundo está te chamando de saracura e Olivia Palito é o que você é", reflete a modelo.

"O que as pessoas pensam de você é um direto reflexo do que elas acham delas mesmas. Hoje eu sei isso, então hoje eu tenho muito mais compaixão quando as pessoas falam alguma coisa ao meu respeito sem me conhecer. Porque não é muita gente que me conhece pessoalmente, eu tenho um ciclo muito fechado, eu sou muito ligada com a família, não sou uma pessoa de sair. Eu acho que pra maioria das pessoas eu mostro um lado mais forte, que é como eu me sinto mais confortável assim, sabe? É uma forma de proteger a minha sensibilidade", segreda.

Num flash, a top faz uma revelação delicada: "Eu pareço ser muito mais forte do que eu sou, mas é bom assim, porque assim ninguém precisa saber que eu sou muito... Mas o por que eu tô falando isso pra televisão?! Pelo amor de Deus! Para, para Gisele, se concentra!", se auto-reprime a modelo.

"Quando eu tinha 14 anos e essa oportunidade de fazer esse trabalho surgiu na minha vida eu simplesmente vi como a oportunidade de fazer um trabalho. E pra mim sempre foi um trabalho. Isso não me define. A Gisele profissional tenta fazer o melhor trabalho possível porque as pessoas que me contratam confiam em mim. Elas tem bilhões de pessoas pra escolher pra fazer esse trabalho e elas escolheram a mim —então eu levo isso muito a sério, então eu dou o meu melhor", esclarece a modelo.


"Mas eu sou a Gisele filha do Valdir e da Vânia, irmã das minhas irmãs, e a minha essência não muda – as coisas que eu valorizo não mudam. É muito forte isso em mim. Eu nunca acreditei demais no negativo nem no positivo, porque um dia eu era a modelo que não ia fazer a capa da revista porque era feia e no dia seguinte era a melhor modelo do mundo. É tanta polaridade que se eu escutasse isso eu ia ficar louca. O fashion é um negócio pra mim, não é um 'life style'", completa.

"Eu tô muito feliz, me sinto satisfeita, me sinto realizada porque 20 anos fazendo esse trabalho e poder ter a escolha hoje de parar, é um privilégio realmente, porque eu vi tantas meninas começarem e saírem e nunca mais vi. Eu nunca soube que isso seria possível, que eu podia estar aqui há tanto tempo – então eu me sinto realmente privilegiada". E é. Não foi à toa que se tornou a "top das tops". Senhoras e Senhores: Gisele Bündchen!

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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