Festa de 50 anos da Globo ficou com cara de 'Criança Esperança sem Xuxa'
A tão alardeada festa dos 50 anos da Rede Globo que foi ao ar no último sábado (25), embora cheia de pompa e circunstância, deixou a desejar.
Desde o início ficou com uma cara de "Criança Esperança Sem a Xuxa" – o que lhe atribuiu uma aparência de um grande bolo de aniversário sem cobertura.
A necessidade de narração dos quadros que começaram a desfilar pelo palco causou um certo estranhamento. Parecia que estávamos assistindo a um desfile carnavalesco sobre o qual Pedro Bial e Fátima Bernardes precisavam explicar o enredo ao público. Pois se estávamos vendo!
De qualquer forma, a narrativa um tanto didática e sem ritmo não acompanhava a emoção eventual da encenação. E houve emoção sim.
A ideia de trazer de volta algumas cenas de novelas e séries marcantes através das suas músicas-tema cantadas ao vivo, acompanhadas de coreografias ágeis, foi interessante. Não necessariamente foi acertada a escolha dos cantores para realizá-la. E depois, "Me Chama Que Eu Vou" sem Magal não é a mesma coisa!
Em destaque a entrada de personagens reais de algumas tramas como a glamurosa Chayenne (Cláudia Abreu), a imbatível Porcina (Regina Duarte) acompanhada pelo Sinhozinho Malta (Lima Duarte), "O Astro" de Francisco Cuoco e os protagonistas de "Shazam e Xerife", Paulo José e Flávio Migliaccio.
Graciosa a participação dos grandes atletas nacionais no palco, trazendo um ar de abertura de Olimpíada ao evento. Oportuna e merecida a bela homenagem a Ayrton Senna.
Comovente às lágrimas foi a chegada dos personagens que tanta alegria trouxeram à criançada durante décadas: "Os Trapalhões". Renato Aragão e Dedé Santana seguravam a emoção até que reencontraram sósias dos ex-parceiros Mussum e Zacarias. Choradeira geral, no palco e nas casas – com certeza.
O momento 'atrações infantis' tentou parecer animado, mas o recheio do bolo não se fez presente. A qualquer momento se esperava que a "Rainha dos Baixinhos" entrasse em cena envergando a figura da verdadeira Fada Loura – bela e exuberante, esbanjando o carisma que sempre a caracterizou. Xuxa apareceu tímida em rápido flash no telão. A cereja do bolo não entrou. Sem Xuxa, xuxou.
O "Velho Guerreiro" (Stepan Nercessian) conseguiu levantar os ânimos com trechos do "Cassino do Chacrinha" : "Vamos receber o cabra da peste, vamos receber Jota Quest!" – anunciou logo na chegada realizando um sonho que a banda tinha de ter participado do programa.
"Que emoção!", disse o Rei Roberto Carlos ao dar o ar da sua graça na festa dos 50 anos da Globo: "Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!" – cantou o eterno "Rei da Juventude" que acabou de completar 74 anos.
Dizer que foi uma "festa estranha com gente esquisita' é simplificar demais. Mas que faltou 'cobertura' e 'recheio' nesse bolo, ah, faltou. Talvez quem, como eu, pode acompanhar essa história desde o início, tenha ficado um tanto frustrado com algumas simples referências a trabalhos e personagens que trouxeram tão fortes emoções – e agora estavam ali apenas citados ou revividos de maneira tão 'pasteurizada'.
Tudo bem que era só uma comemoração, não um documentário. O melhor a fazer talvez seja relaxar e entrar no espírito da música que encerrou o evento: "hoje é um novo dia, de um novo tempo... Hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa, é de quem quiser, quem vier!".
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