Renato Kramer

Quirólogo das celebridades fala sobre leitura de mãos em programa

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"14 anos no ar caminhando no incerto, idolatrando a dúvida" foi como Antônio Abujamra deu início ao seu programa "Provocações" (Cultura) desta semana.

E o convidado foi anunciado em seguida, com todo o "savoir faire" de Abujamra: "Hoje nós temos aqui para nos provocar muito um quirólogo – sim, um quirólogo, vocês sabem o que é? É um sujeito que lê as mãos dos outros. Um explorador da crendice alheia! Mas, e sempre tem um 'mas', uma apresentadora de uma WebTV baiana afirmou que não é nada disso, porque ele é um cientista! Com vocês o quirólogo das celebridades: Marcello Meneses".

E assim teve início uma entrevista com a qual muitos jovens entrevistadores atuais poderiam aprender muito: perguntas inteligentes, provocantes e pertinentes ao universo do entrevistado. E o principal: saber ouvir o entrevistado, o que a grande maioria não faz.

"Quem é você, de onde vem e para onde acha que vai?", perguntou Abu com sua voz carismática. "Eu sou um pesquisador das mãos", respondeu Marcello. "Desde a minha adolescência eu ficava olhando para as minhas mãos e tentando entender se existia algum significado, os sinais, as linhas...eu venho da periferia de São Paulo, sou professor de capoeira – o que me trouxe bastante entendimento para a vida, e aos 23, 24 anos comecei a estudar livros sobre quirologia e quiromancia", resumiu Meneses.

Crédito: Jair Bertolucci/Divulgação O ator e apresentador Antonio Abujamra, 78
O ator e apresentador Antonio Abujamra, 78

"Então diz para nós, que somos medíocres, o que é quirologia?", interveio Abu. "É o estudo das mãos. Eu faço uma avaliação da constituição de carne, de osso, de pele, a temperatura, o tamanho dos dedos, tipo das unhas e as digitais – aquilo que não muda na sua mão, isso é quirologia", explicou Marcello.

"Isso dá dinheiro?", solta Abujamra de supetão, mas sem agressividade. "Eu acho que traz mais autoconhecimento. A busca não é o dinheiro", desconversa elegantemente o quirólogo. "Já li mais de 16 mil mãos e não recebi de todas, mas nunca deixei de ler uma mão por falta de pagamento da consulta", afirma Marcello.

"E quantas celebridades já te estenderam a mão?", pergunta Abu. "Nunca parei para contar, mas foram bastante!", responde Marcello com discrição. "Alguma celebridade muito célebre?" insiste o apresentador, sem forçar a barra. "Acho que todas elas têm algo, não é? Todas elas tinham esse potencial de celebridade", desconversa Meneses.

E assim desfila uma deliciosa e esclarecedora sequência de perguntas, sempre sob as rédeas do inteligente e culto apresentador que não fica fazendo firulas nem desrespeitando o entrevistado, embora faça uso de um tom enfático e, por vezes, de uma ironia fina cheia de ardil.

"Falam que você desenvolveu um método próprio de leitura das mãos. Como é que foi isso?", quis saber Abu. "É resultado dessas minhas pesquisas. A quirologia é uma coisa só. A quirologia é o 'como'. A quiromancia o 'porquê'. E na quiromancia temos a europeia, a indiana, a chinesa e a astral. Eu peguei todos esses valores e uni", explica Meneses.

"Ser quirólogo cura os seus males da alma?", questionou Abujamra. "Eu acho que cuida e não cura", respondeu Marcello Meneses sempre muito polido. "Porque você passa a conhecer a si próprio. Segundo Jung os dois oráculos mais fortes são as mãos e os sonhos", acrescentou.

Para encerrar, o apresentador faz a clássica pergunta: "Me diga uma coisa muito simples: o que é a vida?". "É uma canção. A vida é uma canção", responde inadvertidamente o quirólogo. Mas o apresentador retoma com calma e firmeza: "Marcello, o que é a vida?". "Quando a gente vive a vida como uma canção, você consegue viver o seu dia a dia. Quando você é apenas um robô, quando você está dentro de um sistema, você não vive a vida. O importante é viver a vida como uma canção", argumenta o quirólogo das celebridades.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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