"Junto & Misturado" de Natal é bastante espirituoso mas não faz rir
O episódio da série "Junto & Misturado" (Globo) deste domingo (22) foi totalmente dedicado ao Natal e, embora muito espirituoso e com bom elenco, não fez a gente dar uma boa gargalhada.
Talvez não seja mesmo esse o objetivo do programa, mas é o que se espera quando se trata de um humorístico.
Em compensação, deboche, espírito crítico e ironia forte não faltam nos quadros que são criativos e muito bem realizados. O que faltaria então para tudo funcionar melhor? Uma espécie de "liga", talvez.
O trauma de Bruno Mazzeo em ganhar meias brancas como presente de Natal resultou num guarda de trânsito (Kiko Mascarenhas) sendo praticamente subornado com pacotes de meias ao invés de dinheiro.
As balconistas que se esbofeteiam nas vendas natalinas para ver com quem fica o cliente que acabou de entrar na loja rendeu uma boa cena de ação para as atrizes Gabriela Duarte e Débora Lamm.
A forçada harmonia que se cobra neste período de festas faz com que uma mãe (Fabíula Nascimento) não se incomode em saber, na hora da ceia, que a sua filha está grávida sem saber quem é o pai – e muito menos que o seu marido quer a separação.
Tem também a perua (Letícia Isnard) que demonstra a sua solidariedade com sobreviventes de uma tragédia levando gravatas de seda para os homens e produtos para o cabelo das mulheres. "Não é porque vocês perderam tudo que vocês têm que perder o alisamento do cabelo!", argumenta a socialite.
A bendita "caixinha de Natal" que todos querem também foi lembrada através de Dilma (Débora Lamm) pedindo 20 dólares para Obama (Bruno Mazzeo) logo depois de uma reunião de cúpula.
E o "bom velhinho" pode ser preconceituoso, produção? Pois o Papai Noel (Marcelo Médici) de um shopping vai beijando algumas crianças com afabilidade até que para numa menina e lhe diz na lata: "Você não, que você é esquisita!". A menininha fica com uma cara de tacho que dá dó!
E ainda, nesse time de bons atores da série, apareceram no episódio natalino Heloisa Périssé dando aula de "enrolation" para aeromoças; Fernanda de Freitas, que levava vinte vestidos para uma viagem de fim de semana; Augusto Madeira vivendo o Cabral que descobria um Brasil que já tinha até praça de alimentação; Rodrigo Pandolfo como o "corno manso" que flagra a mulher com outro mas não toma uma atitude e Luís Miranda fazendo um guia turístico cambalacheiro, com sotaque francês e tudo.
Como se percebe, não é por falta de criatividade nem por falta de boas interpretações que a gargalhada não vem. Talvez a intenção seja realmente que se assista o programa e se perceba esse constante espírito crítico do roteiro, inteligente e debochado, com um leve sorriso nos lábios. Talvez falte só um pouco mais de molho...ou tudo "junto e misturado"!
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