Como era de se esperar, a disputa da semifinal do "The Voice Brasil" (Globo) eliminou do programa quatro bons cantores. E levou para a final outros quatro. Melhores, na opinião do público.

Pelo time de Lulu Santos, Luana Camarah e Pedro Lima foram os concorrentes. Camarah cantou "Hoje Ainda É Dia de Rock", de Zé Rodrix. Pedro Lima interpretou "Coleção" (Cassiano/ Paulo Zdanowski) e ganhou mais votos populares e mais pontos do técnico Lulu, que lhe declarou: "Você tem o que o Caetano (Veloso) chama de 'força estranha', na canção que ele fez para o Roberto (Carlos). Quando você canta o tempo para."

"É magro de ruim, o bigode. Olha o tamanho do doce que ele comeu!", comentou o apresentador Tiago Leifert sobre a reportagem com Pedro Lima, o "bigode grosso", mostrada antes de sua apresentação. "Se eu vencer vou investir na minha carreira, aprender a dançar e tudo", afirmou o "bigode".

Os técnicos e seus assistentes se apresentaram em números musicais. Cláudia Leitte e Maria Gadú cantaram "Eu Só Quero Um Xodó", de Anastácia e Dominguinhos. Leifert contou que quase fez com que Gadú perdesse o seu seguro: ele teria brincado que a cantora havia se machucado ao esquiar em Aspen e o banco entrou em contato com ela para explicar que não cobriam acidentes internacionais. "Eu caí num palco ali em Brasília mesmo", confessou a cantora em seu terninho branco.

O segundo time a se apresentar foi o de Carlinhos Brown: Lucy Alves e Marcos Lessa. Enquanto o público votava e Brown decidia sobre a divisão de seus 30 pontos como técnico da dupla, Lulu Santos e Gaby Amarantos se apresentaram com "Ex Mai Love" (Veloso Dias) e "Sereia", do próprio Lulu e Nelson Motta.

Brown dividiu seus votos meio a meio para os dois candidatos. Marcos Lessa se saiu bem com "Travessia" (Fernando Brandt/ Milton Nascimento) mas a votação popular foi, na sua grande maioria, para Lucy Alves, que cantou "Festa do Interior" (Abel Silva/ Moraes Moreira). Um belo figurino, com direito a uma envolvente coreografia, levou a graciosa Lucy Alves para a final, embora não tenha sido a sua melhor apresentação.

Daniel também preferiu distribuir os seus 30 pontos igualmente para os dois componentes do seu time: Cecília Militão e Rubens Daniel. Para Militão, que cantou uma versão de Dudu Falcão, "Meu Grande Amor", o sertanejo declarou: "Você tem uma coisa que parece que baixa uma entidade quando você canta". Para o "pequeno gigante" Rubens Daniel, que interpretou com classe a canção mais executada do século: "Yesterday" (John Lennon e Paul McCartney) e ganhou a maioria dos votos populares, Daniel confidenciou: "Que orgulho ser teu xará."

Enquanto isso, Carlinhos Brown e Rogério Flausino fizeram parceria na canção "Quanto ao Tempo", de Brown e Michael Sullivan.

No time de Cláudia Leitte a disputa era entre Gabby Moura e Sam Alves. Gabby cantou cheia de ginga, acompanhando-se no cavaco, "Alguém Me Avisou", de Dona Ivone Lara. Sam atacou de "Você Existe Em Mim" (Carlinhos Brown/ Lester Mendez/ Josh Groban) e brilhou mais uma vez, recebendo a maioria esmagadora dos votos do público, além de 20 dos 30 pontos da técnica Cláudia. "Você parece um anjo, canta como um anjo", lhe declarou a cantora.

Para encerrar a noite, Daniel e Luiza Possi se apresentaram com a deliciosa canção em que o cachorro do Rei lhe sorri latindo: "O Portão", de Roberto e Erasmo Carlos, num arranjo da própria Luiza.

Os quatro finalistas do "The Voice Brasil", que se enfrentarão na próxima quinta-feira (26), são: Lucy Alves, Pedro Lima, Rubens Daniel e Sam Alves. Todos são talentosos, é claro. Mas só um será o vencedor. Lulu Santos aposta no "bigode grosso": "Ele é 'A' voz", disse enfático o compositor. A verdade é que, além da voz, Pedro Lima tem um grande apelo popular. Não vai ser fácil. Vamos aguardar.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"