Roberto Carlos prepara autobiografia e fala sobre acidente na infância
Em função da polêmica das biografias não autorizadas, o Rei Roberto Carlos foi ao "Fantástico" (Globo) deste domingo (27).
A mensagem de Roberto poderia vir através do verso que dá início a um dos seus inúmeros sucessos: "As Curvas da Estrada De Santos" (Roberto e Erasmo Carlos). A canção, do álbum de 1969, começa assim: "Se você pretende saber quem eu sou, eu posso lhe dizer".
E foi esse o argumento usado pelo Rei em relação à sua biografia.
Em meio à entrevista, depois de questionar Roberto sobre a questão de sua postura em relação ao projeto de lei que permite a publicação de biografia sem a autorização do biografado --sobre o qual o cantor declarou ser a favor, a apresentadora Renata Vasconcellos cutucou o cantor.
Perguntou se ele permitiria então a biografia "Roberto Carlos em Detalhes", de Paulo Sérgio de Araújo, que fora proibida através de uma ação judicial há seis anos atrás.
Roberto Carlos faz uma grande pausa. E só então responde cauteloso: "Isso tem que ser discutido".
"Quem escreveria uma biografia do Roberto Carlos com as bênçãos do Rei?", quis saber Renata. O cantor deu a sua clássica risadinha --que está gravada no final de outro dos seus primeiros grandes sucessos: " O Calhambeque" (Road Hog - John e Gwen Loudermilk), do álbum "É Proibido Fumar" (1964). E respondeu: "Eu! Com detalhes que, com certeza, não vão estar em outras biografias", concluiu.
"Mas às vezes o biografado não quer contar tudo, né, Roberto?", arriscou a jornalista. "Sim, mas eu vou contar tudo o que eu acho que realmente tem sentido de contar em relação aquilo que senti, ao que eu vivi".
É quando vem à baila um assunto considerado "tabu" na história do Rei: o acidente que Roberto sofreu aos seis anos de idade. Ele foi atropelado por um trem e perdeu parte da perna direita.
Roberto Carlos já havia feito menção ao acidente traumático de sua infância em pelo menos duas canções, mas sempre de forma muito poética e discreta.
Na canção "Traumas", do álbum de 1971, o cantor se refere à sua relação com o pai e diz que ele lhe "falou dos anjos que eu conheci, no delírio da febre que ardia --no meu pequeno corpo que sofria, sem nada entender...".
Em "O Divã" (1972), Roberto se expõe ainda mais claramente: "Relembro bem a festa, o apito, e na multidão um grito --o sangue no linho branco, a paz de quem carregava em seus braços quem chorava". O apito, obviamente, seria do trem que o pegou. O linho branco, do terno do rapaz que o acudiu.
"As pessoas têm dito que eu sou contra (a biografia acima citada, proibida desde 2007) por causa do meu acidente que foi contado, essa coisa toda. Não é isso, não", afirma Roberto Carlos, falando abertamente sobre o assunto pela primeira vez. "Eu, quando escrever o livro, vou falar do acidente. Ninguém poderá contar do meu acidente melhor do que eu".
E acrescenta, olhando direto para a câmera: "Ninguém poderá dizer aquilo que aconteceu com todos os detalhes que eu posso. Porque ninguém poderá dizer o que eu senti, o que eu passei --desculpe a rima-- porque isso aí só eu sei!", concluiu enfático.
A jornalista informa em voz off que o Rei está gravando os seus depoimentos enquanto procura um autor que dê forma final ao livro...ou livros.
"Também não sei se vai caber num livro só. Talvez dois ou três livros pra escrever toda a minha história. São muitos anos, né?", comentou o cantor. "A vida do Roberto não cabe num livro só?", perguntou Renata Vasconcellos encerrando a entrevista. "São muitos anos, você sabe!", repetiu Roberto Carlos.
Sabemos, Roberto. São muitos, muitos anos. "São tantas emoções", como você mesmo diria. E sabemos também que os "detalhes tão pequenos" da sua longa e bela trajetória "são coisas muito grandes pra esquecer". Longa vida ao Rei.
Comentários
Ver todos os comentários