Renato Kramer

"Amor à Vida": Niko finge ser hétero enquanto Félix faz a egípcia

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Os gays de "Amor à Vida" estão dando alteração.

Enquanto Paulinha (Klara Castanho) está praticamente no bico do corvo, o núcleo gay da novela faz o "fandango da Berenice"!

Niko (Thiago Fragoso) aceita fazer de conta que é hétero e namora Patrícia (Maria Casadevall), só para a moça tentar afastar o grudento do Michel (Caio Castro). Mas não está dando para acreditar. Como diria Paulo Silvino, Niko é "uma bichona" -- ele dá muita bandeira para fazer as vezes de parceiro sexual de Patrícia. Só ele mesmo está botando fé na farsa, e parece se divertir muito com a brincadeira.

Quem não está gostando nada, nada, é Eron (Marcello Antony). Com ares de marido traído, ele já está louco para botar um fim nessa história. Michel logo, logo vai descobrir o joguinho da sua amada. É só ele prestar atenção nas mil luzes dos cabelos de Niko e nas suas mãos, que mais parecem dois leques que abanam sem parar.


Mas quem anda chutando o pau da barraca mesmo é o vilão Félix (Mateus Solano). O perverso trocou o remédio da "demoninha", como diz ele próprio -- e quer livrar-se da menina a qualquer custo, agora que sabe que Paulinha não morreu na caçamba onde ele a jogou ao nascer.

E para quem jurou pelas contas do rosário que voltaria para dentro do armário e de lá jamais sairia, Félix anda quase tão bandeiroso quanto Niko. No capítulo deste sábado (22) ele não soltou de sopetão numa conversa, assim como quem nada quer, que "fez a egípcia"?

"Tá boa, santa?" -- me veio à mente na hora o título desta peça de Fernando Mello, um grande sucesso teatral dos anos 80. Fazer a egípcia é, na linguagem do gueto, passar batido, fingir que não viu alguém ou que não percebeu algo. No populacho, dir-se-ia que é uma expressão de "bichinha brejeira". Aonde será que o impoluto vilão da trama das nove andou aprendendo esse tipo de expressão? Mistério!

O núcleo gay, apesar das maldades de Félix, junto às peripécias da periguete Valdirene (Tatá Werneck), diverte e torna o dramalhão de "Amor à Vida" mais suave. O difícil é depois ter que entrar no clima "mexicano" da menina que morre-não-morre, da mãe Paloma (Paolla Oliveira) que se desespera e do coitado do Bruno (Malvino Salvador) -- que já está quase batendo o recorde de sofrimento do capitão Théo (Rodrigo Lombardi) em "Salve Jorge"!

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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