O capítulo de "Amor à Vida" desta terça-feira (4) foi marcado pela emoção da grande atriz Nathalia Timberg.

Ao receber a visita dos filhos Pilar (Susana Vieira) e Amadeu (Genézio de Barros), Bernarda (Nathalia Timberg) conta com detalhes sobre a morte do seu melhor amigo: o cão Diamante, que vivera vinte anos ao seu lado.

A atriz, assumindo com dignidade o despojamento de sua personagem --de cara lavada e cabelos brancos despenteados, conseguiu momentos de forte comoção ao relatar como era a sua relação com o amado cãozinho e como eles se entendiam apenas pelo olhar.

Quem mora só com o seu cão sabe perfeitamente do que Bernarda estava falando.

Pilar foi às lágrimas ao ouvir a mãe contar com a voz dilacerada sobre os últimos dias de vida de Diamante. Bernarda consternada mostrou, com mãos que pareciam implorar pela volta do bichinho, o lugar onde ele dormia ao seu lado.

"Mãe, eu sei o quanto a senhora amava esse cachorro!", intervém Pilar aos prantos. E Bernarda demonstra a falta que o seu melhor amigo lhe faz com o seu olhar no vazio e uma aura de total desamparo.

"Ele fazia parte da família", dizem alguns quando querem demonstrar o quanto o seu cão fora importante ao perdê-lo. Tenho uma imagem lúdica em relação à presença dos cães entre nós. Já tive a oportunidade de dizê-lo aqui, mas repito: para mim são anjos peludos que Deus permite desçam à Terra para ensinar aos seres humanos o que vem a ser "amar". É de consenso geral que nós vivemos mais tempo para tentar por em prática o que eles já nascem sabendo.

Mesmo cientes de que a sua passagem entre nós é um tanto rápida, a dor da perda é incomensurável. E Nathalia Timberg conseguiu mostrar com profunda verdade essa dor e a sensação de impotência frente à fatalidade da morte do seu cão Diamante. Uma parte da vida de Bernarda parece ter morrido junto com o seu amigo de todas as horas.

Parabéns também ao autor Walcyr Carrasco por abordar de forma tão sensível e contundente a importância dos animais em nossas vidas e o quanto ainda precisamos lutar contra qualquer tipo de maus tratos.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"