A veterana Fani Pacheco fez questão de chamar a atenção do novato Nasser para deixar bem claro o que pensa sobre a postura dele no jogo.

"Te desejei boa sorte como quem deseja 'boa sorte' pra humanidade, mas eu não acho que você joga com o coração, não!". Que história é essa de "jogar com o coração"? Quem joga com o coração?

Ora, isso parece um argumento apelativo de quem não tem mesmo muito argumento. Os participantes do reality estão atrás de um polpudo prêmio em dinheiro. O que o "coração" tem a ver com isso?

Nasser foi direto ao encontro de Andressa comentar a atitude da concorrente.

"Pra que ela [Fani] veio me dizer isso? O que é que isso vai mudar na vida dela?", refletiu o novato com a namorada. "Não acho bonito isso... Não gostei", concluiu o gaúcho. "Eu também não", concordou Andressa. "Não sei nem o que falar".

Mas a gente sabe. São palavras e frases estratégicas que podem sempre surtir um efeito proveitoso para quem está na berlinda. Quem "pega o bonde andando" e ouve uma afirmação dessas pode chegar a uma conclusão imediatista e precipitada de que quem a proferiu tem valores profundos e não está lá só pelo dinheiro, pois coloca o "coração" antes de tudo. Balela. Estratégia de "raposa velha" (pura figura de linguagem).

Para ser bem sincero, acho que tanto a Fani quanto a Natália já "deram o que tinham que dar" no "BBB13" --metaforicamente, é claro. Já reapareceram para o grande público, já renovaram os contatos, já até reeditaram as revistas nas quais elas saíram (e faturaram bem, é claro!): Não "tá de bom tamanho"?

A Natália ainda ganhou R$ 20 mil numa prova no sábado (16). Não seria o caso de deixar a batalha final para os que lá estão pela primeira vez? Para quem tudo era realmente um desafio inédito?

Enfim, quem vota é o público. E lá vamos nós depender de uma votação com critérios que jamais compreenderá a nossa vâ filosofia. Essa história de dar o prêmio máximo para um veterano que retorna e tem uma segunda chance já foi explorada à exaustão com o Marcelo Dourado (que fora da quarta edição e voltou na décima para tornar-se o campeão).

Nada contra os veteranos. Mas que eles já tiveram a vez deles, já tiveram. Bem que podiam liberar o navio para os marinheiros de primeira viagem.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"