Renato Kramer

Gal diz que foi agredida e chamada de "piolhenta" nos anos 70

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"Eu saia na rua daquele jeito e algumas pessoas me chamavam de piolhenta!", diz Gal Costa

Na noite deste fatídico dia 12.12.12, além de ser o aniversário de Silvio Santos, 82, foi também a vez da cantora Gal Costa ficar 'De Frente Com Gabi' (SBT).

A apresentadora e fã confessa da cantora cobrou-lhe um certo afastamento dos holofotes. "Eu me retraio", confessou Gal, "eu espero o momento certo de vir à tona com uma coisa boa", complementa.

E a 'coisa boa' do momento é o seu projeto com o cantor e compositor Caetano Veloso 'Recanto' - o trigésimo álbum da cantora lançado no final de 2011.

"Você imaginava que ia ter esse sucesso?", pergunta Gabi. "Não imaginava, não", responde Gal. "Eu sabia que não ia ser pouca bobagem", explica a cantora, "porque Caetano não ia fazer um trabalho 'lugar comum' comigo. Eu sabia que ia ser algo arrojado, mas não esperava que tivesse essa repercussão", confessa uma das musas do Tropicalismo.

"Você se adaptou bem à São Paulo no início?", quis saber Gabi. "O início foi difícil", esclarece Gal. "São Paulo é uma cidade dura, você tem que ter condições financeiras para viver bem na cidade. Mas eu adoro São Paulo! Eu me identifico com essa formalidade paulistana", declara a dona de uma das mais belas vozes brasileiras.

Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress Gal Costa falou que tem medo da morte e que seu maior defeito é gostar de comer
A cantora Gal Costa falou que tem medo da morte e que seu maior defeito é gostar de comer

"Você é uma baiana atrevida, isso sim!", brinca a jornalista. Gal dá uma deliciosa gargalhada. "Mas eu sentia muita angústia na época do exílio de Caetano e Gil", confidencia a cantora. "Eu saía na rua vestida daquele jeito e, às vezes, as pessoas me agrediam".

"Te agrediam como?", pergunta Gabi. "Me chamando de 'piolhenta', de suja...'vai tomar banho", uns gritavam", conta Gal. "Que loucura!", replica Gabi. "E você linda, com aquela imagem de mundo novo...de 'nada será como antes', e não foi!", conclui a apresentadora.

"Você tem consciência de que você é a memória viva musical de toda uma geração?", indaga Gabi. "Tenho", responde tranquilamente Gal Costa. "Claro que eu tenho", confirma. "Você acha que isso estava escrito em algum lugar?", continua a apresentadora. "Eu acho que estava", responde Gal que se confessa muito espiritualizada. "Tava escrito que eu tinha que vir...que eu tinha uma missão, que eu tinha que cantar...eu não acredito em acaso".

Quando fala do filho adotivo, Gabriel, 7, a grande cantora se derrete: "ele é um filho lindo, um filho que eu sempre sonhei. Gostaria que ele fosse um grande músico, compositor, um grande cantor - eu quero o melhor pra ele, quero que ele seja grande!", admite Gal.

"Você passou pelas drogas no tempo do 'desbunde'?, pergunta de supetão a jornalista. "Eu experimentei, mas nunca me viciei em nada", responde sempre serena a cantora baiana. "E fez muita bobagem?", incitou Gabi. "Não, não fiz muita bobagem", esclareceu Gal. "Eu experimentei uma vez: tomei 1/4 de LSD, porque eu tinha medo, medo total! Mas foi uma 'bad trip' terrível! Nunca mais na minha vida eu quero nem ver!", afirma Gal. "Eu tenho medo de qualquer coisa que me tire muito do meu centro", conclui.

No 'jogo rápido', Gal não titubeia. "Ser mãe é?", pergunta Gabi. 'É uma coisa transgressora, inovadora", responde Gal. "Um sonho?". "Fazer um grande show para a garotada". "João Gilberto?". "Grande ídolo". "Maria Bethânia?". "Grande cantora, grande voz, grande personalidade... e amiga". "Um medo?". "Da morte". "Minha voz?". "Minha vida!".

"Gal Costa por Gal Costa", encerra Marília Gabriela. "Eu sou uma pessoa muito simples, pura, fácil e tranquila", responde Gal, uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos. "Meu maior defeito é?", pergunta Gabi quando os créditos do programa já estão descendo na tela. "Gostar de comer", responde Gal Costa intimidada. E ambas caem na gargalhada.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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