Renato Kramer

Carminha deveria ser resgatada pela nave da Xuxa em "Avenida Brasil"

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Que Max (Marcello Novaes) tenha resgatado Carminha (Adriana Esteves) que estava jogada na sarjeta e, à força a tenha levado de volta ao lixão --onde surpreendeu o pai (Nilo --José de Abreu) e a mãe Lucinda (Vera Holtz), tornando-os reféns com uma arma, tudo bem.

Agora que a Nina (Débora Falabella), depois de ter sido avisada que ele estaria lá com todos sob a mira dessa tal arma, fosse até lá sozinha? Fazer o quê, se o cara tava armado? Só foi para ser mais uma nas mãos do malandro desnorteado.

"E agora, quem virá nos salvar? O Chapolin Colorado!", talvez. Mas Jorginho já está sabendo da situação e ligou para Tufão, que anda com a bola toda. Para o desfecho dos personagens, não ficaria nem bem Tufão ou Jorginho darem cabo da vida de Max. Para Nina muito menos.

A não ser que haja uma luta corporal e num acidente a arma dispare contra ele mesmo. Assim, nenhum dos 'mocinhos' precisará conviver com esse peso na consciência.


Se a Rita tivesse feito um estágio com Slevin (Josh Hartnett), o protagonista do filme "Xeque-Mate" (de Paul McGuigan - 2006) - certamente não teria se enforcado tanto com a própria corda e resolveria a sua 'pendenga' com Carminha da mesma maneira objetiva, cirúrgica e eficiente que o jovem Slevin, que vinga toda a sua família de dois grandes poderosos que a destruiram.

Pois foi casualmente revendo o filme 'Xeque-Mate' nesta madrugada, no canal Megapix HD que isso me passou pela cabeça. Eu até já tinha me esquecido o quanto o plano de vingança de Slevin, ajudado por Mr. Goodkat (Bruce Willis) era tão estrategicamente perfeito e executado com requintes que só grandes profissionais do ramo conseguem. Não faço apologia à vingança. Mas acho que o que quer que seja que a pessoa resolva fazer, que faça direito.

O filme, que eu recomendo para alguém que ainda não o tenha visto, é um policial cheio de quebra-cabeças, estilo jogo de xadrez, um suspense brando e contínuo com interpretações de primeira linha. Não é nada, não é nada, o filme conta com --além dos já citados, Stanley Tucci, o detetive; Morgan Freeman, o Chefe e Sir Ben Kingsley, o Rabino. Conta também com a presença da ex-pantera Lucy Liu, para suavizar e trazer um quê de romance à trama.

O jovem Josh Hartnett contracena de igual para igual com todas essas feras do cinema e consegue envolver o espectador em sua história que apenas nos momentos finais vamos decobrir que era tudo o avesso do que parecia. Bruce Willis mantém o seu estilo minimalista de interpretar, que, nesse caso, fica perfeito para dar vida ao impávido Mr.Goodkat.

Max ficaria vidrado em Mr. Goodkat. Um profissional objetivo e equilibrado: faz o que precisa ser feito, sem 'nhén, nhén, nhén' nem 'lero-lero'. O detalhe é que um filme se resolve no mesmo dia. Uma novela tem uma base de oito meses para chafurdar na história. É, talvez seja melhor deixar como está.

De qualquer forma, fica a dica de um bom filme. E quanto à 'Avenida Brasil'? Calma, faltam só dez dias. Pra quem já aguentou até aqui, coisa pouca!

Segundo mil e um boatos, Max deve morrer hoje. Quanto à Carminha... bem, eu sugeriria que ela tivesse um fim bastante impactante, como foi toda a sua trajetória na trama: ou que ela fosse enterrada viva junto com Max (credo!), ou que do nada, surgisse a nave da Xuxa e a recolhesse, obrigando-a a cantar o 'Ilariê' todas as manhãs no mesmo horário, ad infinitum. Ah, sim, e com todo o seu 'mega hair' louro espetado, como a Rainha dos Baixinhos usava.

Já pensou a Carminha, de manhã cedo, descendo da nave e cantando: "Tá na hora, tá na hora... tá na hora de brincar!" só para as criancinhas pobres do Divino? Isso ela não suportaria.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias