O jovem Tomás Buarque Queiroz (Ronny Kriwat) está vivendo momentos dramáticos em "Avenida Brasil" (Rede Globo). Depois de quase ficar com Débora (Nathalia Dill), é alertado pelo pai Cadinho (Alexandre Borges) que é irmão da garota no banheiro de uma 'boate de hip hop' da Lapa!

Num quase misto de tragédia grega com Shakespeare e Nelson Rodrigues, o jovem ator se saiu bem na difícil missão de receber esta notícia, tentar digeri-la e depois ir atrás do prejuízo. Ainda atordoado, Tomás corre levar Débora para casa, falseando um mal estar súbito.

Vendo a filha chegar tão cedo, Verônica (Débora Bloch) estranha e pergunta-lhe o motivo. Débora só sabe dizer que o rapaz ficou estranho de repente. "E papai?", pergunta ela. "É mais fácil descobrir a terceira profecia de Fátima do que saber onde é que está o seu pai!", responde a sempre desencanada Verônica.

"Eu te peço do fundo do meu coração: não conta nada pra tua mãe!", pede Cadinho ao filho ainda atônito. "Eu posso confiar em você?". "E eu, posso confiar em você?!", responde o garoto num tom severo.

Na manhã seguinte, Cadinho finge muita pressa e nem toma café com Noêmia (Camila Morgado), alegando uma reunião urgente no escritório. Tomás só o observa. Cadinho sai. Tomás sai atrás dele. Não dá outra. Cadinho vai direto para a casa de Verônica, que faz o seu desjejum com a filha Débora. Ele mal chega e Tomás chega junto. Flagra.

Verônica e Débora o apresentam para o garoto, que fulmina Cadinho com o olhar. O pai traíra tenta dar uma de 'joão sem braço', mas o garoto não alivia. Deixa Cadinho com a mão no ar. "Você não vai dar a mão para o meu marido?", pergunta Verônica toda trabalhada na etiqueta. "Não", responde Tomás seco. "É que a minha mão tá suja!", joga o garoto na cara do pai.

E ainda tripudia! Quando vê as duas preocupadas com um 'engasgo' repentino de Cadinho, que tenta ganhar tempo, Tomás retruca tranquilamente: "não se preocupem, ele tem muitas vidas!". Mais tarde, já na casa de sua mãe Noêmia, Tomás recebe o pai no quarto chorando, mas firme: "agora me explica, como é que você tem duas famílias?!?", diz o rapaz encarando-o.

"Complicada e perfeitinha", como diz a canção 'Mulher de Fases' (Raimundos), continua a heroína Nina (Débora Falabella). Ela e Jorginho (Cauã Reymond) ralam e rolam quase que o tempo inteiro, quando não estão discutindo a relação. Ontem resolveram ir até 'mãe Lucinda' (Vera Holtz) anunciar o casório e convidá-la para madrinha. "Tô tão feliz e ao mesmo tempo tão angustiada!", é a ladainha de Nina para 'mãe Lucinda'.

Aliás, está acontecendo um pequeno 'choque térmico' no núcleo do lixão. "Mãe Lucinda" está sendo defendida de forma realista, visceral, com uma garra de leoa pela atriz Vera Holtz. Uma verdadeira "mãe coragem'. José de Abreu já adotou um tom mais farsesco para compor o seu imprestável 'Nilo'. Pode até ser uma jogada de equilíbrio na trama, mas ainda não deu liga.

Enquanto isso, o 'bom e velho' Max (Marcello Novaes), salafrário de carteirinha, andou dando um 'chega pra lá' em Carminha (Adriana Esteves) - e está de olho na venda de um carro que Tufão (Murilo Benício) vai realizar em 'cash'. O ex-jogador desavisadamente deixou escapar no café da manhã. Muricy (Eliane Giardini) andou dando um 'tapa' no barraco de Adauto (Juliano Cazarré). Leleco (Marcos Caruso) andou brigando por ciúmes da bela Tessália (Débora Nascimento) e Débora (Nathalia Dill) tanto fez que conseguiu descobrir por quem Jorginho a trocou: Nina! De tocaia no apartamento do rapaz, Débora surge incrédula: "então era ela a sua namorada? A Nina, Jorge? A cozinheira? Foi por ela que você me trocou?!".

Em meio a tantas 'feras' e tantos caminhos, foi o drama do garoto Tomás (Ronny Kriwat) que dominou a cena no capítulo de ontem. É muito bom ver um jovem ator já mostrando a que veio.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"