Renato Kramer

"Em televisão, o fundamental é o espetáculo", afirma Boni

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José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, foi o convidado especial do "Programa do Jô" desta segunda-feira. Ele está lançando "O Livro do Boni" (Casa da Palavra) - amanhã, dia 30 de novembro, no Copacabana Palace (RJ) e no dia 5 de dezembro próximo na Livraria Cultura, do Conjunto Nacional (SP).

Apresentado pelo amigo de longa data, Jô Soares, como um dos homens mais importantes da história da televisão brasileira, Boni declarou logo de início que a "culpa" dele ter escrito esse livro fora do próprio Jô. "Viu? Você vivia insistindo que eu escrevesse... taí o livro!", brincou Boni.

Independentemente do livro, Boni contou ligeiramente um pouco da sua trajetória no universo da comunicação. Começou a trabalhar no ramo em 1950, então com 15 anos de idade. Era uma rádio carioca dirigida pelo falecido escritor Dias Gomes. Como o seu objetivo já era ser diretor, seguia Dias Gomes por onde quer que ele fosse. "Até no banheiro", exagera Boni.

Aos 17 chegou a tentar a carreira de ator. "Mas eu era horrível", confessa ele. Participou de um episódio da "TV de Vanguarda", que fazia apresentações ao vivo, sob a direção do mestre Cassiano Gabus Mendes. Ao término desse trabalho, Cassiano lhe sugeriu: "vai escrever humor, vai fazer qualquer coisa na televisão, mas esquece esse negócio de ator!".

Sua carreira na televisão é extensa e extremamente produtiva. Passou pela TV Tupi, TV Excelsior, TV Rio, ajudou a colocar a TV Bandeirantes no ar e entrou para a TV Globo em 1967, junto ao então diretor da emissora Walter Clark.

Na extinta TV Tupi chegou a fazer até "ficção científica". Em um dos episódios, o ator Lima Duarte, que negou a participação de dublês, teria que morrer num fosso de jacarés. Foram colocados alguns bichos de palha e um apenas vivo, que deveria estar levemente sedado. Na hora da cena, o jacaré se revoltou e deu uma rabanada em Lima Duarte, que saiu correndo estúdio afora. Tudo "ao vivo"!

Boni trabalhou muito tempo com publicidade. É sua a criação de slogans como o "Varig, Varig, Varig", da extinta companhia aérea. E, é claro, o famoso "plim, plim" que a Rede Globo utiliza ainda hoje. Em 1970, coordenou o "Faça Humor Não Faça Guerra", com o próprio humorista Jô Soares. Em 1973, foi a vez de dar vida ao "Fantástico", cuja letra da canção de abertura também era sua. É um dos principais responsáveis pela implantação do "Jornal Nacional", junto ao então diretor de jornalismo Armando Nogueira e toda uma equipe, depois comandada pela jornalista Alice Maria - a quem rasgou elogios.

"Você chegou a mandar regravar quadros do programa do Chico (Anysio) por causa da cor do cenário?", perguntou Jô Soares. "Sim. A gente criou na Globo o que brincávamos ser 'Os Intolerantes', parodiando 'Os Intocáveis' (seriado americano que mais tarde virou filme). Não tolerávamos erros para poder apresentar o melhor", continua Boni. "Em televisão, o fundamental é o espetáculo. Se não for espetáculo, não funciona", conclui ele.

Quando Jô faz referência ao seu eventual temperamento forte, Boni diz acreditar piamente tê-lo herdado de sua avó Nicota. Em um momento histórico delicado, ela expulsou os "homens do governo", que revistavam a sua casa, empunhando uma arma de fogo, proibindo-os de entrar em seu quarto.

Quanto ao trabalho do filho "Boninho" (diretor do Big Brother Brasil), Boni confessa: "nós temos um acordo, eu não dou pitaco no trabalho dele nem ele no meu... não elogio, nem falo mal, não me meto... já pensou? Senão eu ia ter que ficar pedindo pra ele botar um monte de amigos no BBB! Impossível!"

Crédito: Rafael Andrade/Folhapress Boni foi o entrevistado do "Programa do Jô"
Boni foi o entrevistado do "Programa do Jô"

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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