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Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Ingrid Oliveira, dos saltos ornamentais, lamenta eliminação e desabafa sobre lesões e depressão

Atleta reconhece que não está bem fisicamente e conta que vem enfrentando problemas com a saúde mental há anos

Em foto colorida, mulher de bermuda e top posa para foto em frente aos aros olímpicos
Ingrid Oliveira conta ter passado por várias crises de ansiedade nos últimos dois anos - Reprodução/Instagram
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Rio de Janeiro

Atleta da equipe de saltos ornamentais do Brasil nas Olimpíadas 2024, Ingrid Oliveira, 28, não conseguiu passar pelas classificatórias da modalidade. O resultado não esperado abalou a saltadora que fez um longo desabafo nas redes nesta sexta-feira (9), por meio de um vídeo gravado um dia depois da eliminação (segunda-feira, 5), que só agora ela decidiu publicar. Ingrid contou que não se sente bem fisicamente por causa de lesões e, que enfrenta problemas com a saúde mental.

Emocionada na publicação, ela começou explicando sobre o que a levou a expor seus medos e suas angústias. "Refleti se postava ou não esse desabafo, se valeria ou não a pena expor coisas que sempre guardei para mim, mas vi que guardar tudo me fez adoecer lá atrás", observou a saltadora reforçando que acreditava que poderia ajudar outras pessoas com seu relato: "Sei que muita gente passa por isso no off e é ruim. Também não quero mais nada que assombre a minha mente".

Ingrid continuou comentando que no meio esportivo assumir que não está bem mentalmente soa como fraqueza e, especialmente, para o próprio atleta. "Quando a saúde mental não está bem, não é sobre os outros, é sobre a gente. A gente se sente fraco de não conseguir lidar, e tem tanta gente que consegue lidar tão bem com as coisas. Pelo menos é como eu me sinto. A minha saúde ", pontuou.

A saltadora reconheceu também que há muitos anos não se sente bem psicologicamente, emocionalmente e fisicamente. Ela ainda lembrou ter sido ensinada pela mãe a sempre manter o foco em seus objetivos, independentemente de situações externas. "Quando minha mãe morreu, em 2013, no dia seguinte, já treinava. Eu tinha uma coisa muito certa na minha cabeça, que era me classificar para os Jogos Olímpicos de 2016 porque era o sonho da minha mãe me ver lá".

Só que a participação de Ingrid nos Jogos foi marcada por uma polêmica. Ela e o atleta da canoagem slalom, Pepê Gonçalves, cometeram uma indisciplina garve ao passar uma noite juntos no quarto em que ela dividia com a ex-parceira Giovanna Pedroso. "Foi a minha primeira Olimpíada, eu tinha 19 anos, e o que restou depois foi uma Ingrid quebrada emocionalmente. Resolvi ignorar e tentar seguir em frente", disse.

Ela lembrou que foi muito criticada por causa do episódio mesmo anos depois e o pensamento era mostrar para as pessoas o seu talento. Tanto que ela conseguiu a classificação para Tóquio 2020, mesmo com algumas lesões e um relacionamento abusivo fora das piscinas. "Eu era invalidada e abusada do meu psicológico. Foi um ano em que realmente achei que fosse morrer, e de fato eu queria. Tentei acabar [com a própria vida] três vezes. Tive muita pressão do meu ex para não externar isso", disse.

Ingrid Oliveira chorou após ser eliminada na fase de classificação dos saltos ornamentais em Paris - OLI SCARFF/AFP

Ingrid só conseguiu acabar com o relacionamento em 2022, após ser agredida em sua festa de aniversário e na frente dos convidados. "Só ali que tive coragem [de terminar], porque todo mundo viu o que aconteceu. Acho que se ninguém tivesse visto, provavelmente eu estaria até hoje com ele. Tudo que ele fazia, revertia os papéis e falava que era culpa minha. Terminei com ele e consegui tirar um peso gigante das minhas costas", afirmou.

Logo em seguida, ela entrou em uma depressão, diagnosticada por um médico, que alegou que a doença era antiga. "No fundo, eu já sabia porque não me sentia mais a mesma Ingrid de 2016. Por trás da máscara de que estava bem e feliz, tinha uma Ingrid destruída por dentro. E tem também o lado da vergonha. Eu fingia que estava bem", lamentou ela que teve várias crises de ansiedade nos últimos dois anos.

A atleta conter ter recebido suporte do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), além dos seus preparadores e fisioterapeutas na preparação das Olimpíadas 2024. "Tive quatro crises fortes de ansiedade e o pensamento de morte é tão forte na minha cabeça que não consigo pensar em mais nada", contou Ingrid que terminou o desabafo lamentando a sua eliminação em Paris. "É frustrante. Dói. Mas, eu me permito recomeçar e aceito tudo que eu passei. Olho pra trás e vejo o quão forte eu sou e só tenho gratidão por tudo que eu venci para chegar até aqui."

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