Ex-mulher de 'mendigo gato de Curitiba' diz que vai entrar na Justiça para internação compulsória

A angústia familiar durante o desaparecimento de Rafael Nunes da Silva motivou a ex-esposa dele a entrar na Justiça para um pedido de internação compulsória. O rapaz de 41 anos que ficou conhecido como "mendigo gato de Curitiba" foi encontrado nas ruas do Rio de Janeiro no último sábado (19) após ficar seis meses desaparecido.

Mas, após ser encaminhado para a delegacia, ele pediu para retornar às ruas. Clarissa Couto, que buscava por Rafael, foi contatada mas não chegou a tempo de impedi-lo. Agora, ela afirma que pretende intervir judicialmente pois acredita que ele não tem condições de responder por si próprio.

"Eu tive relatos de que ele está na rua comendo lixo. Como o Estado permite uma pessoa nesse estado decidir que quer continuar na rua comendo lixo? Ele não quis ir ao hospital porque sabe que chamariam a Assistência Social", diz Clarissa em entrevista ao g1.

"Imagine quantas dessas pessoas que estão na rua tem família e os familiares não podem fazer nada? Muitos não tem essa informação, o Rafael é uma exceção, mas a maioria é pobre e negro", completa.

Ela é jornalista, tem dois filhos com Rafael, um menino de outo anos e uma menina de quatro, e conta que a falta do pai é sentida pelas crianças. Depois que ele voltou para as ruas, Clarissa percorreu a região central para ver se localizava o ex-marido.

"O [nosso filho] de 8 anos já tem total entendimento. Eu já conversei com ele uma vez, e evito que ele tenha acesso a qualquer situação. Já a [menina] de 4 não tem muita noção, por isso, é a que mais sofre. Acha que o pai não quer vê-la, que não a ama. Mas, a gente fala que ele está viajando e que lá não pega telefone", diz Clarissa.

"Como ex-mulher, teoricamente, essa responsabilidade não é minha, mas sou uma pessoa que tem muito discernimento das escolhas que a gente faz na vida. E eu escolhi que ele fosse pai dos meus filhos. Então, eu penso que preciso esgotar todas as tentativas antes de eles fazerem 18 anos, porque eu tenho certeza de que, se eles pudessem escolher, eles fariam o mesmo pelo pai."