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Copa do Mundo feminina: jogadoras da seleção brasileira deixam nosso coração quentinho

Em tempos de Robinho e Daniel Alves, quem não se emocionou com o choro, os sorrisos escancarados e o toque de bola de Tamires, Debinha e Ary Borges, bom sujeito não é

Ary Borges chora após seu gol, o primeira dela e do Brasil: Que momento!
Ajoelhada, Ary Borges chora após seu gol, o primeira dela e do Brasil - Xinhua / Bai Xuefei
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Rio de Janeiro

Era inevitável. A Copa do Mundo que vem sendo disputada na Austrália e na Nova Zelândia trouxe de volta aquele velho rame-rame de que o futebol feminino é "outro esporte", se comparado ao masculino. Sim, é mesmo. Outro. Bem diferente.

É muito menos agressivo e tem protagonistas autênticas, espontâneas. Uma gente que, salvo algumas exceções, desce do ônibus no estádio conversando umas com as outras, numa boa, ao invés de usar aqueles fones enormes e ridículos adotados pelos boleiros, num implícito "leave me alone".

No jogo de estreia das meninas treinadas pela sueca Pia Sundhage nesta segunda-feira (24), tudo foi muito contrastante em relação à seleção masculina, a começar pela própria técnica. Pia é braba, sabe se impor com suas comandadas, mas tem um lado fofo, que a aproxima das jogadoras.

Em momentos de tranquilidade, toca piano, canta 'Anunciação', de Alceu Valença e, olha que repertório variado, manda ver até em sucessos de Marilia Mendonça. Nada a ver com Tite, o homem à frente do fiasco na Copa de 2022: um chato de galochas metido a paizão dos atletas, e que achava muito normal empregar o filho, Matheus, na comissão técnica por anos. Haja ranço desse pessoal.

Nesta Copa do Mundo, saem Daniel Alves, hoje preso por acusação de estupro, e sai também a atitude blasé de Neymar. Ficam de fora os dentes artificialmente ultrabrancos nas arcadas de alguns jogadores e aquela irritante mania que eles têm de botar a mão à frente da boca toda vez que vão falar, como se tudo o que dissessem fosse interessar aos adversários ou pudesse ser usado contra eles de alguma forma.

Entram em campo os os sorrisões escancarados de Bia Zaneratto, Kerolin, Geyse, Marta e Ary Gomes, esta última, autora de um histórico 'hat trick' (tecla SAP: quando uma pessoa faz três gols no mesmo jogo). Gomes ainda deu um belíssimo passe de calcanhar para mais um gol, mesmo sabendo que poderia tentar de novo. Foi zero fominha, não quis brilhar mais que as outras. Uma beleza. "Ah, mas o Panamá é fraco, por isso foi 4 x 0", dirão os invejosos.

Ah, vá! E a Sérvia, primeira adversária da seleção masculina na Copa de 2022, era uma grande potência? A vitória ali foi de 2x0, com algum sufoco e, verdade, teve um final feliz naquele golaço de voleio do Richarlison (o mais gente boa do grupo).

A questão aqui, veja bem, não é comparar a performance esportiva de homens e mulheres no futebol, e sim exaltar o futebol feminino e o atual estágio a que chegou a nossa seleção. A alegria que ela nos proporcionou, e o tanto que devemos valorizá-la. Como deve ter feito bem aos brasileiros assistir à partida de hoje!. Ou vai dizer que você não ficou tocado ao ver Gabi Nunes, no banco de reservas, chorar ao ouvir o hino do Brasil e receber um afago carinhoso de Marta, sentadinha ao seu lado?

E a comemoração de Ary no primeiro gol, quando saiu correndo, quase que em transe, ajoelhou-se no gramado e, com as mãos no rosto, chorou de soluçar?. Foi uma das cenas mais lindas que já vi no futebol (e olha que acompanho até os jogos do Vasco, para dar aquela secada bacana).

Que venham mais momentos como este, e devem vir. Porque mesmo com toda a experiência internacional que 90% do time têm, estar na Copa, fazer um gol, deixa essas mulheres genuinamente felizes. E as comandadas de Pia gostam de deixar isso claro. Parece que com essas jogadoras, como diria Maikóvski, a anatomia ficou louca: elas são todas coração. Mirem-se no exemplo, rapazes.

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