Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Você viu?
Descrição de chapéu The New York Times

Após invadir guarda-roupas, estética 'Barbiecore' chega à decoração e ao design de interiores

Filme aguardado e maximalismo alimentam tendência a paleta composta por tons de rosa

Cozinha da casa de Beverly Griffith na cidade de Nashville, em imóvel de 1915 - Beverly Griffith/The New York Times
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Lia Picard
The New York Times

Amanda Hansen adora um momento rosa choque. "Acho que sou naturalmente uma garota rosa e cheia de frufrus. Tudo que compro sempre tem um pouco cara de Barbie", ela disse. "Então isso foi tomando conta da minha vida."

Designer gráfica de Tacoma, Washington, Hansen encheu sua casa de cores próprias da Casa dos Sonhos da Barbie, com eletrodomésticos cor de rosa da marca Smeg na cozinha e papel de parede floral roxo e rosa na sala de jantar, além de inúmeros toques coloridos pelo meio.

Mas a "pièce de résistance" está no quintal da casa. Ali, Hansen, 31 anos, instalou uma piscininha rosa choque que ela comprou na Amazon por US$ 150 (quase R$ 720) e um guarda-sol com estampa de bananeira. Ela pintou o piso de concreto de rosa e branco, em quadradinhos axadrezados e, dentro em breve, haverá uma cabaninha rosa com cortina listrada para completar o espaço.

"Eu quis criar aquele ambiente de Palm Springs com tudo rosa, tão Barbie quanto eu conseguisse. Não quero que pareça um quintalzinho aqui em Tacoma", disse Hansen.

A estética Barbiecore, com uma paleta composta principalmente de rosa choque e outras tonalidades fortes de rosa, como fúcsia e magenta, está ganhando espaço na decoração de interiores, impulsionada pelo lançamento próximo do filme "Barbie".

Informações compartilhadas pelo Pinterest indicam que entre maio de 2022 e maio de 2023 as buscas por "quarto estética Barbie" aumentaram em 1.135%. Também cresceram outras buscas ligadas à decoração de interiores em pink, incluindo decoração de banheiros e cozinhas, disse Swasti Sarna, diretor global de insights de dados do Pinterest.

Simplesmente vestir rosa choque não é o bastante –as pessoas também querem estar cercadas pela cor quando estão em casa.

O rosa choque se encaixa perfeitamente no maximalismo, que ressurgiu nos últimos anos como reação contra a estética minimalista cool que por tanto tempo dominou os feeds no Instagram. Durante a pandemia as pessoas investiram em seus estilos pessoais em casa –desde bolas de espelhos até azulejos feitos à mão.

Quando Hansen se casou, seis anos atrás, resolveu experimentar uma decoração em estilo campestre. "Não era meu estilo, e eu sabia disso, mas estava tentando ser madura", ela explicou. "Mas um dia começou a acontecer, acho que foi uns três ou quatro anos atrás –comecei a pintar as paredes de rosa, e desde então a mania só vem crescendo."

Em Nashville, Tennessee, Beverly Griffith, 42 anos, sempre adorou o rosa e o incorporou à decoração de sua casa quando a comprou, em 2017. "O pink dos millenials não é rosa o suficiente para mim", ela comentou. Em seu banheiro, por exemplo, a banheira é cor-de-rosa, a cortina do chuveiro é pink, e a cozinha recém-reformada tem elementos em rosa choque que a própria Griffith pintou.

No início da pandemia, quando deixou seu trabalho de bartender, Griffith levou essa afinidade pelo rosa choque também à fachada de sua casa, que pintou em três tonalidades fortes diferentes. A casa virou sensação nas redes sociais e, hoje, ela a aluga a músicos e criadores de conteúdo que usam o espaço por um dia. "Desde que pintei minha casa de rosa choque tenho encontrado pessoas ou lido comentários nas redes de pessoas dizendo que no passado tinham vergonha de dizer que gostavam de rosa", disse Griffith. "Me agradeceram por ser tão abertamente e declaradamente pink."

O rosa frequentemente é visto como uma cor feminina, mas não foi sempre assim. Segundo a psicologia das cores, o rosa originalmente era usado por meninos, por ser uma versão mais clara do vermelho usado em uniformes militares. O rosa-forte chamou a atenção quando a designer italiana Elsa Schiaparelli, nos anos 1930, lançou sua versão própria da cor, chamada "rosa chocante" (ou rosa choque).

Quando a Barbie original foi lançada, em 1959, ela não usava rosa –usava um maiô com estampa preta e branca. "O mundo passou a vincular Barbie à cor rosa na década de 1970, quando começamos a adotar embalagens sobretudo rosas, como elemento identificador da marca", contou Kim Culmone, vice-presidente sênior e diretora do design de Barbie na Mattel. Os tons de rosa da Barbie evoluíram ao longo dos anos, e em 2008 o "rosa Barbie" vibrante virou uma cor oficial da Pantone.

Com a Barbie no ar, as marcas estão aproveitando o momento. Após sua colaboração com a Mattel no ano passado para comemorar o 60º aniversário da Casa dos Sonhos da Barbie, a empresa de móveis Joybird formou uma parceria com a Mattel em outra coleção que inclui sofás e poltronas em tons de rosa profundo, que será lançada em julho.

Gifty Walker, diretora de merchandising da Joybird em Los Angeles, comentou que a Joybird tinha um sofá rosa choque que foi popular em 2016. Agora o rosa choque é a cor do momento e os clientes o estão usando para evitar tonalidades neutras como cinza, marrom e bege. "No passado aquelas cores fortes eram reservadas para almofadas, tapetes e acessórios. Agora estamos vendo as pessoas as convertendo no elemento principal que ancora um ambiente", disse Walker.

Para a modelo Jasmine Mitchell, 30 anos, decorar sua casa em rosa choque lhe permitiu reconectar-se com sua criança interior. Quando ela se mudou de Dallas para Los Angeles, em 2021, decorou sua sala de jantar com base nessa cor. O primeiro objeto que comprou para a sala de seu apartamento foi uma poltrona de veludo rosa choque com pés dourados. Luzes LED em volta das janelas criam um brilho cor de rosa à noite.

"Gosto dos outros tons de rosa, mas o rosa choque tem um efeito eletrizante. Ele me deixa feliz, me faz sentir muito viva", disse Mitchell. "Eu me deixei guiar por meu eu mais jovem."

Tradução de Clara Allain

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem