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Morre iraniano que morou por 18 anos em aeroporto e inspirou filme de Spielberg

Mehran Nasseri sofreu um infarto no terminal 2F do Charles de Gaulle, em Paris

Mehran Karimi Nasseri, um homem calvo e de bigode, no canto do aeroporto de Paris onde morou por 18 anos; ao seu lado, o cartaz do filme de Steven Spielberg, inspirado em sua vida
Mehran Karimi Nasseri, em 2004, no canto do aeroporto de Paris onde morou por 18 anos; ao seu lado, o cartaz do filme de Steven Spielberg, inspirado em sua vida - AFP
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Rio de Janeiro


Mehran Karimi Nasseri, o iraniano que viveu por 18 anos no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, e cuja saga inspirou o filme "O Terminal", de Steven Spielberg, morreu de infarto neste sábado (12), aos 77 anos. Onde? No terminal 2F do aeroporto que ele chamava de lar.

Nasseri morou no Terminal 1 do aeroporto de 1988 a 2006, por falta de documentos de residência e, depois, por vontade própria. Ele dormia em um banco de plástico vermelho e tomava banho nas instalações dos funcionários, de quem era amigo.

A equipe o apelidou de Lord Alfred, e ele se tornou uma espécie de celebridade entre os passageiros, principalmente depois do lançamento do filme de Spielberg, em 2004, com Tom Hanks como protagonista.

Nasseri nasceu em 1945 em Soleiman, uma parte do Irã então sob jurisdição britânica, filho de pai iraniano e mãe britânica. Ele deixou o Irã para estudar na Inglaterra em 1974. Quando voltou, disse ele em entrevistas à imprensa do Reino Unido, foi preso por protestar contra o xá e expulso sem passaporte.

Ele pediu asilo político em vários países da Europa. O ACNUR na Bélgica lhe deu credenciais de refugiado, mas a pasta com o documento teria sido roubada em uma estação de trem de Paris.

A polícia francesa mais tarde o prendeu, mas não conseguiu deportá-lo para nenhum lugar porque ele não tinha documentos oficiais. Ele acabou no Charles de Gaulle, em agosto de 1988, e foi ficando. Outras trapalhadas burocráticas e leis de imigração europeias cada vez mais rígidas o mantiveram em uma terra de ninguém legal por anos.

Quando finalmente recebeu os documentos de refugiado, ele descreveu sua surpresa e sua insegurança ao deixar o aeroporto. Ele teria se recusado a assiná-los e acabou ficando lá por mais alguns anos até ser hospitalizado em 2006, e depois morar em um abrigo em Paris. Ele voltou a morar no Charles de Gaulle algumas semanas antes de sua morte.

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