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'Artesã dos três reais' processa cem marcas: 'Vi minha imagem até em motel'

Vídeo de participação da mulher no programa É de Casa viralizou

Raquel Motta do Amaral virou meme depois de participar do programa É de Casa
Raquel Motta do Amaral virou meme depois de participar do programa É de Casa - Reprodução/TV Globo
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Paulo Pacheco
São Paulo

Há pouco mais de um ano, a vida da artesã Raquel Motta do Amaral mudou ao virar meme no quadro Isso a Globo Não Mostra, do Fantástico, que editou a participação dela no É de Casa e a fez repetir três reais infinitamente ao lado de Ana Furtado.

O vídeo viralizou e entrou no top 10 de memes mais buscados no Google em 2019. Centenas de marcas usaram a imagem de Raquel para fins comerciais. Ela se revoltou e decidiu entrar na Justiça contra as empresas.

Até agora, cem marcas foram alvo de processos pelo uso indevido da imagem de Raquel. De lanchonete a academia, de shopping center a multinacional, ela se viu vendendo produtos e serviços sem nenhum contrato formal ou autorização.

"Comecei a ficar preocupada, aí vi minha imagem em propaganda de motel. Achei bagunça demais", reclama Raquel. A artesã chegou a participar de comerciais e faz posts patrocinados em seu Instagram (com mais de 145 mil seguidores), mas não esperava ver sua imagem prejudicada com o uso irregular por outras marcas.

AUXÍLIO JURÍDICO

A profissional procurou ajuda jurídica. Os processos estão sob os cuidados de duas advogadas, Cristina Gomes da Luz e Luiza Helena Costa de Oliveira, e correm na Vara Cível do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro), em segredo de Justiça a pedido da artesã.

"Foram muito mais de cem empresas. Distribuímos cerca de 80 ações, mas a cada dia encontramos mais empresas que usaram a imagem dela. Esse número só tende a crescer", explica a advogada Cristina Luz.

À Justiça, Raquel pede a exclusão imediata de todas as publicações indevidas no prazo máximo de 72 horas, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00, além de indenização por dano moral (por associar a imagem da artesã a produtos sem autorização) e material (pelo trabalho de influenciadora).

Todas as ações, somadas, custarão R$ 8,96 milhões de reais às empresas processadas por Raquel, que se sustenta com o salário de coordenadora do Instituto Musiva, especializado em economia criativa e inclusão social, além do uso comercial de suas redes sociais.

"Violaram a imagem, utilizam o rosto, a voz, adulteraram as falas tanto dela quanto da Ana Furtado. Foi devastador no sentido de achincalhar a imagem dela, porque há empresas das quais ela nem sabia, como motéis", afirma a advogada da artesã.

UOL
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