Londres inaugura Museu da Vagina na onda do movimento #metoo
Se Reykjavik, capital da Islândia, ganhou um museu do pênis, Londres terá a partir de sábado (16) seu museu da vagina. O projeto tem a ambição de quebrar alguns tabus, na onda da "grande mudança social" provocada pelo movimento #metoo.
No coração do distrito turístico de Camden Town, no norte da capital britânica, uma placa "Museu da Vagina" ultrapassa a porta de um antigo celeiro e desperta a curiosidade dos transeuntes. Situado entre brechós e lojas de souvenirs, o museu, que abre no sábado, é o primeiro dedicado inteiramente a essa parte da anatomia feminina.
"Descobri que havia um museu do pênis e que não havia um espaço equivalente para a vagina, então eu o criei", diz Florence Schechter. A fundadora, conhecida por popularizar temas científicos, já havia organizado três exposições temporárias sobre o tema, há dois anos.
Longe de ser uma loja de curiosidades, o pequeno museu gratuito que Schechter construiu é, acima de tudo, um lugar didático para todos. Sua primeira exposição temporária aborda os "mitos em torno da vagina".
"Se você usar um absorvente interno, perderá a virgindade", "a menstruação é suja": os painéis criados pela pesquisadora desmistificam essas declarações, com diagramas ilustrativos e argumentos.
VERGONHA DE CONSULTAR
Para Florence Schechter, o desafio não é apenas educar e melhorar a autoimagem, mas também uma questão de saúde pública.
"Algumas pessoas têm vergonha de procurar um médico quando sentem sintomas e literalmente morrem dessa vergonha porque coisas como o câncer do colo do útero não são detectadas cedo o suficiente", diz ela.
Um estudo realizado por uma associação britânica especializada na prevenção desta doença revelou no ano passado que uma em cada quatro mulheres evitava exames internos, um desconforto desanimador para quase metade das mulheres.
Outro estudo, realizado pelo Instituto YouGov em março passado, indicou que metade dos britânicos não conseguiu localizar a vagina em um diagrama.
O estudo também mostrou que as mulheres não estão familiarizadas com sua anatomia, com quase metade das pesquisadas desconhecendo, por exemplo, que não precisam lavar suas vaginas.
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