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Viva Bem

Homens estão mais vaidosos com cuidados além de barba, cabelo e bigode

Psicóloga diz que cobrança não é mais para ser bruto, mas para se cuidar

Ator Vincenzo Richy, 26, recorreu ao impante para combater a calvície Mathilde Missioneiro - 27.mar.21/Folhapress

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São Paulo

A ideia de que os homens não são vaidosos e se preocupam apenas com barba, cabelo e bigode ficou para trás. Nos últimos anos, eles aprenderam a usar cremes, fazer depilação íntima, harmonização facial, cirurgias para transplante de cabelo e até usar prótese capilar.

A explicação para tanta preocupação com a beleza pode estar relacionada à importância das redes sociais na vida das pessoas. Segundo a psicóloga e terapeuta sexual, Geórgia Mauad, esse autocuidado de mulheres e homens ficou mais intenso depois das selfies espalhadas pela web.

Segundo Geórgia, as pessoas dão muita importância ao visual. Contratam profissionais e compram serviços através da imagem que têm. Se alguém aparece relaxado e descuidado, a psicóloga diz que vai parecer, inconscientemente, que essa pessoa não está preparada para atender ao cliente.

“Inconscientemente, há um julgamento, é a forma como a gente tem de medir, dimensionar o quanto a pessoa pode ser confiável ou não. Através desse julgamento, a primeira impressão é a que fica e como vai ser a relação dali para frente”, explica ela, que vê também menos preconceito nesse cuidado masculino.

“Hoje o homem pode mostrar o lado feminino, uma certa sutileza, pode se colocar em uma sociedade de igual para igual, não tem mais essa cobrança de ser muito bruto. Já normalizou, o diferente é o cara que não se cuida, esse aí é que sofre o preconceito [atualmente]", afirma.

Prova disso, o fazendeiro Caio Afiune, 32, por exemplo, chegou a dar dicas de cremes para esfoliação e amenizar olheiras aos colegas no Big Brother Brasil 21, além de revelar que gosta da barba mais baixa "Se quiser saber mais alguma coisa, me pergunte", brincou dando dicas a Rodolffo Matthaus, 32.

Rodolffo, que faz dupla com Israel, revelou que fez depilação a laser antes de entrar no programa, enquanto o ator e cantor Fiuk recorreu à produção do reality para cortar os pelos pubianos. "Me dá essa liberdade de ir ali no banheiro. Não sei se alguém mais já fez isso", disse o cantor, que já havia depilado o peitoral.

Outro ator preocupado com a beleza é Vicenzo Richy, 26, de “Aventuras de Poliana” (SBT, 2018-2020), que faz tratamentos capilares desde a adolescência contra a alopecia androgenética. Ele já fez inúmeros tratamentos e testou todos os remédios para manter os cabelos, mas não recuperou os fios perdidos.

“Desde os 14 anos venho cuidando da alopecia androgenética quando percebi que estava começando a perder os cabelos. Meu pai tem calvície e eu tenho o fator oleosidade [dos fios] que contribui para a perda dos fios", diz ele, que recorreu ao implante capilar.

A decisão pelo procedimento aconteceu após assistir a uma cena de “Aventuras de Poliana” na qual ele pula em uma piscina para salvar a personagem vivida por Larissa Manoela. Com o cabelo molhado, as falhas devido à alopecia ficaram visíveis e ele decidiu procurar um especialista em transplantes de fios.

O dermatologista Breno Marques, especialista em cabelo e responsável pela cirurgia de Richy, raspou apenas a parte de trás da cabeça do ator porque ele estava se preparando para uma novela. Retirou os folículos e fez o transplante para a área atingida pela alopecia. “Os primeiros dois dias foram de incômodo, coçava mais onde fez o transplante. Onde tirou [o folículo] no outro dia eu não sentia nada”, diz o ator.

Segundo Richy, o médico ainda deixou uma área doadora no couro cabeludo disponível para um novo transplante de fios caso ele queira optar por uma segunda cirurgia. Segundo ele, quem olha não percebe que foram retirados folículos da parte de trás da cabeça. “Faz sete meses que fiz o transplante e o resultado final aparece depois de um ano. Ninguém nota que foi feito transplante”, afirma.

O gerente comercial de comunicação Mauricio Cácomo, 38, tinha um cabelo volumoso quando começou a perder os primeiros fios, aos 24 anos. Ele usou loções e medicamentos orais para evitar a queda por seis meses, mas parou acreditando que seria só uma forma de retardar o inevitável. Tanto que, aos 27 anos, já tinha perdido o cabelo de toda a parte da frente da cabeça.

“Eu nunca contabilizei na realidade a calvície, nunca foi uma coisa que me incomodou, nunca fui dependente do boné [para esconder a calvície], nunca tive problema de autoestima. Muito pelo contrário, sempre deixei o cabelo que eu tinha e comecei a fazer cortes mais bacanas”, disse.

Há cinco anos, no entanto, a vaidade falou mais alto e Cácomo procurou o salão Felipe Lorenzo para começar a usar uma prótese capilar, que é fixada na cabeça com uma cola especial e permite ao usuário dormir sem sair do lugar. Ele foi convidado para ser modelo do salão de prótese capilar e um ano depois abandonou o ramo de bufês infantis e virou funcionário da empresa.

O gerente comercial lembra que as próteses que procurou no mercado não eram muito modernas e as empresas faziam modelos de cortes para senhores que não proporcionavam um aspecto natural. Mas conseguiu descobrir próteses com cabelo humano com cortes mais jovens e decidiu aderir.

Cácomo diz que as próteses exigem uma manutenção regular no salão e em casa com hidratação e uso de produtos específicos para ter maior durabilidade. Com 11 mil seguidores no Instagram, ele costuma postar vídeos do seu dia a dia, como colar a prótese e pentear.

“Me adaptei, eu sempre falo que nasci para usar prótese capilar e comecei a influenciar as pessoas com muita facilidade. Tudo é questão de adaptação, tem que abrir mão de algumas perfeições e conforto que a careca te dá”, diz.

O agente de trânsito Roberto Souza tem calvície e raspa o cabelo - Mathilde Missioneiro/Folhapress

O agente de trânsito Roberto Fernando da Silva Souza, 38, diz que sempre teve "entradas" no cabelo, como uma característica da família. Aos 24, no entanto, essas "entradas" foram aumentando, levando-o a raspar os fios. “Uso bastante boné no trabalho e isso ajudou a ter mais queda de cabelo”, acredita.

Souza diz que procurou uma empresa para usar prótese capilar, mas, ao contrário de Cácomo, ele conta que desanimou com o trabalho que teria com a manutenção a cada sete dias, como lavar com xampu e passar e tirar cola. “É questão de tempo, não teria tempo para cuidar”, diz.

Ele, no entanto, ainda não desistiu da ideia de voltar a ter cabelos e procurou um barbeiro que faz pacotes para levar as pessoas para fazer transplante de cabelo na Turquia, que são mais baratos. Enquanto não concretiza esse desejo, ele mantém a vaidade focada em outras partes de seu corpo.

O agente de trânsito diz que cuida da pele e chegou a fazer laser na barba, deixando só o cavanhaque. “A minha esposa me incentiva e eu estou fazendo agora um curso de massoterapia que envolve massagem de spa e pele. Eu gosto e não descarto a possibilidade de trabalhar com isso”.

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