Na Cama com Pitanda funciona como spinoff, mas também pode entreter quem não viu o BBB
Sintonia da dupla de apresentadoras é o principal ativo do novo programa do Multishow
O BBB é um programa que, para o bem e para o mal, mexe com o ecossistema da audiência no Brasil. O público do programa é tão grande que é difícil não haver fuga de telespectadores —e até de internautas nas redes sociais— quando a temporada termina.
Por isso, não é de se estranhar que o Multishow, canal pago do Grupo Globo, esteja experimentando esticar a cauda do programa com derivados, como é o caso do Na Cama com Pitanda. A atração, que estreou nesta segunda-feira (10), aproveita a popularidade de duas participantes do BBB 24 para tentar trazer de volta o público saudoso do reality show.
Na frente das câmeras estão Fernanda Bande e Giovanna Pitel, que ficaram muito amigas e chamaram a atenção das redes sociais ao falar em tom de deboche e com uma certa dose de ironia de tudo e de todos enquanto estavam confinadas. As duas não tiveram maiores dificuldades em transportar o clima do que viveram na "casa mais vigiada do país" para o novo programa.
Fernanda e Pitel, que o público convencionou chamar de Pitanda, têm uma sintonia forte, que é o grande atrativo do Na Cama. Como em toda boa dupla, uma complementa a outra: enquanto a primeira pode ser mais ácida e despachada, a segunda costuma ser mais doce e moderada.
O resultado é que dá a sensação de estar ouvindo um bate-papo descontraído entre as duas e a convidada do dia, que na estreia foi a atriz, apresentadora e influenciadora Valentina Bandeira. Valentina foi uma boa escolha, já que partilha do mesmo senso de humor das apresentadoras e poderia ser uma integrante fixa, caso houvesse espaço na cama.
Valentina contou causos, como quando colocou um microfone de estúdio dentro da roupa íntima e não percebeu quando a peça foi parar em seus pés com o peso do equipamento, fazendo-a ficar com fama de "calcinha frouxa". Também disse o tipo de homem que gosta, respondeu se manda nudes (sim!) e deu dicas de relacionamento para telespectadores, além de mostrar seu alongamento levando as duas pernas para detrás do pescoço.
Também foi acertada a decisão de abrir o programa lendo mensagens enviadas por haters, o que tirou de cara o clima de tensão de um primeiro programa de duas novatas na apresentação. Elas riram de si mesmas e já definiram o tom de gozação com que abordam a maioria dos assuntos para quem, eventualmente, não as conhecesse.
"Tem hater trabalhando desde que o programa foi anunciado", brincou Pitel, antes de ler uma mensagem em que um internauta afirmava que o Na Cama com Pitanda não duraria mais do que um ano no ar. "Um ano são 355 dias a mais que o previsto", encaixou na sequência, lembrando que estão programadas 10 edições da atração.
As duas apresentadoras conseguiram dosar bem as intervenções e nenhuma das duas monopolizou o tempo. A direção faz milagres com o cenário apertado, que entrega poucas possibilidades e ângulos de câmera. Em determinado momento, a cama girou, mas o fundo era praticamente igual ao anterior, de modo que o recurso não pareceu fazer muito sentido.
Os principais incômodos foram com relação à edição —o programa foi gravado poucos dias antes da estreia— e ao som. Alguns cortes abruptos não passam despercebidos a um olhar mais atento. Já as vozes das duas apresentadoras parecem estar em volumes diferentes, com a de Fernanda um pouco mais baixa que a de Pitel. Na hora que elas riem, o som estoura e quase dá vontade de baixar o volume da televisão.
No geral, no entanto, foi uma estreia interessante, que funciona como spinoff do BBB, mas também pode atrair um público novo, mais interessado no que os convidados têm a dizer. Se a estratégia do Multishow der certo, o canal não fará feio se esticar a temporada ou aproveitar a dupla em outras atrações.
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