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Globo emula 'estilo rádio' em nova transmissão do Carnaval, mas peca em informações

Emissora estreou novo formato para o desfile das escolas de samba com Karine Alves e Alex Escobar como apresentadores, e sem jornalistas

homem branco e mulher negra no carnaval
Karine Alves e Alex Escobar: nova dupla de apresentadores do Carnaval na Globo - Reprodução/TV Globo
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Aracaju

Era cercada de muita expectativa a nova transmissão dos desfiles da escola de samba que a Globo preparava para o Carnaval deste ano. Pela primeira vez, a cobertura deixa o guarda-chuva do Jornalismo e é feita em uma parceria entre as áreas de entretenimento e esporte.

A mudança visou aumentar o faturamento publicitário das transmissões, que estavam em baixa nos últimos anos. Teve resultado, ainda que não trouxesse lucro neste ano.

No conteúdo, é inegável a melhora especialmente em relação ao ano passado. Mas muitos ajustes precisam ser feitos, considerando a primeira noite de desfiles das escolas de São Paulo, e visando a apoteose que são as escolas do Rio.

Alex Escobar e Karine Alves, a nova dupla de apresentadores, são infinitamente melhores e vão bem melhor que a dupla do ano passado, os desinteressados Rodrigo Bocardi e Aline Midlej. Visivelmente gostam de samba e estão felizes em estar ali, ao contrário do que os jornalistas no ano passado mostraram.

Um ponto positivo foi o ótimo destaque dado a Milton Cunha. Rosto inegável do Carnaval do Rio, Cunha estreou com muito espaço, passando informações importantes sobre São Paulo e sendo bem engraçado. Ailton Graça e Alemão do Cavaco, já experientes nos comentários do Carnaval paulista, novamente fizeram uma dupla de bom nível.

Outra boa notícia foi o estilo mais próximo de transmissões do rádio, com poucas intervenções e mais som de samba das escolas, especialmente no aquecimento, que era um grande problema da Globo nos últimos anos.

Mas acho que as boas notícias param por aqui. Talvez por ser a primeira noite, havia pouco entrosamento entre as equipes. Me incomodou também o fato de os repórteres da transmissão simplesmente estarem de roupa normal, sem identificação.

Keyna Sade e Vitor DiCastro estavam bem brifados, mas a impressão que se tinha era que parecia uma transmissão de qualquer outra emissora ou até mesmo feita de forma independente, sem parecer a Globo.

Outro problema foi justamente a falta de repórteres. Como só eram dois olhos que viam tudo o que passava pelo Sambódromo do Anhembi, muita coisa foi deixada de lado por uma limitação de pessoal.

Um exemplo de uma falha neste sentido foi a falta de citação pela presença ilustre de Zeca Pagodinho no desfile da Camisa Verde e Branca, que homenageava Adriano Imperador. Não citar Zeca nesse cenário é um erro.

Dandara Mariana ficou renegada aos camarotes e entrevistando famosos, o que limitou sem campo de ação. Ouvir famosos falando mais do mesmo não acrescentou em nada.

O novo estilo da Globo tem, ao menos, um caminho que não se tinha nos últimos tempos. Tem potencial para melhorar, mas precisa de muitos ajustes.

Mesmo que tenha assumido de vez que desfiles de escola de samba são algo de entretenimento, a emissora não pode esquecer que informação é importante. Não se faz transmissão ao vivo sem repórter.

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