Luís Ernesto Lacombe diz que tem afinidade de ideias com Bolsonaro, mas não é militante
Jornalista terá ao menos quatro projetos na RedeTV!, sua nova casa
Jornalista terá ao menos quatro projetos na RedeTV!, sua nova casa
Se depender dos planos da RedeTV! para o jornalista carioca Luís Ernesto Lacombe, 54, só vai dar ele na TV a partir de outubro. Isso porque, segundo o próprio, há ao menos quatro projetos engatilhados para o profissional no canal: um programa diário, um outro semanal com formato variável, a mediação do debate político e um outro misterioso guardado por ele a sete chaves.
Justamente por isso que a escolha pela RedeTV! foi a mais óbvia após a sua saída da Band onde esteve de 2017 até a metade de 2020. “O rádio é uma inspiração. Não temos a preocupação de exibir matérias, reportagens produzidas. Vamos apresentar os principais fatos em entradas ao vivo de repórteres e correspondentes da RedeTV! e aprofundar cada tema”, comenta ele sobre o Opinião no Ar que começa nesta segunda (28), das 11h45 às 13h.
Nele, haverá comentaristas fixos e pelo menos um convidado por vez. Será um espaço aberto ao debate de ideias com exibição ao vivo para todo o Brasil. No projeto que marca sua estreia na RedeTV!, o jornalista fomentará discussões plurais e abrangentes pautadas em temas importantes do noticiário, “Vamos agregar informações, contextualizar, esmiuçar os assuntos. O programa vai ter muita opinião, debate de ideias, sem a pretensão de ser conclusivo”, explica o jornalista.
O profissional diz que chega à nova casa com um perfil entusiasta e com a energia de um principiante. “Tenho consciência de que o desafio é grande, mas não me faltam disciplina, empenho, comprometimento, entrega, vontade de crescer sempre, de aprender e de melhorar a cada dia”, define.
Lacombe está à procura de estabilidade neste momento. E foi por isso e pelo projeto consolidado que a RedeTV! apresentou que ele resolveu optar por trabalhar na emissora. “Gosto dos relacionamentos mais longos. Não à toa, sou casado há 27 anos. Não me deixo esmorecer por qualquer dificuldade, não me precipito, tenho paciência. A RedeTV! também é assim. A emissora está pronta para crescer, para conquistar mais audiência.”
Com 32 anos de TV, Lacombe diz que não há arrependimentos e que continuará da mesma forma na RedeTV!: falando o que pensa. “Nunca me considerei mais importante do que a informação, do que o conteúdo que eu transmito. Nunca me considerei mais importante do que ninguém. Sempre trabalhei com fatos, buscando a verdade. Sempre fui direto, objetivo, claro. Sigo da mesma forma.”
O jornalista Luís Ernesto Lacombe não teve uma saída das mais tranquilas da Band, a sua antiga emissora, onde permaneceu por três anos. Lá, apresentou o reality Exathlon Brasil e a revista eletrônica matutina Aqui na Band.
Nesse último, dividia o palco e os comentários com a também jornalista Silvia Poppovic. E com ela teve alguns entreveiros durante programas, sobretudo por conta de visões políticas diferentes. Em uma dessas vezes, o combinado era que ambos pedissem desculpas um ao outro na edição ao vivo e que eles rememorassem um bate-boca de dias atrás. Mas eles acabaram discutindo de novo pelo mesmo motivo.
“O estresse faz parte da vida de um jornalista. Nós trabalhamos com o factual, com o imprevisível, num mundo que gera uma infinidade de acontecimentos jornalísticos a cada segundo. Sou agregador, conciliador, gosto do trabalho em equipe. As relações profissionais, eventuais conflitos, não importa por qual motivo, nada disso me estressa”, diz.
Na discussão mais quente entre eles, em setembro de 2019, Silvia opinava que a polícia havia errado no caso a menina Ágatha Félix, jovem de oito anos que morreu em uma comunidade carioca vítima de bala perdida. Mas Lacombe rechaçou na ocasião o posicionamento da companheira por criticar o trabalho da polícia.
Em seguida, discordaram mais uma vez sobre qual seria a preocupação da política de segurança pública do estado do Rio de Janeiro para combater os crimes. Lacombe voltou a dizer que ao que parecia Silvia eximia de culpa os traficantes de drogas. A apresentadora argumentou que os verdadeiros traficantes moravam em condomínios como os de Lacombe, na Barra da Tijuca, zona nobre carioca.
Para Lacombe, as discussões foram importantes, pois mostraram o tipo de jornalista que ele é. “Sou um jornalista posicionado, mas não militante. A diferença é que o militante perde o senso crítico, tem objetivos escusos, aposta num mundo imaginário, é passional. Aquele que se posiciona sem militância trabalha com fatos, tem referências reais e senso crítico preservado. Meu crescimento profissional no último ano e meio se deu exatamente porque a maioria das pessoas demonstra querer um jornalismo posicionado”, afirma.
Mesmo com essas questões, Lacombe diz não sentir rancor da antiga emissora apesar de ter tido seu contrato, válido segundo ele até maio de 2021, interrompido precocemente. “Se a emissora resolveu interromper o projeto, não cabe a mim comentar possíveis motivações ou a maneira como isso se deu. Também não sou do tipo que fica se lamentando, que guarda mágoa”, aponta.
Ele complementa: “Sou muito grato à Band. Apesar de eu ter 32 anos de carreira, sendo 20 na Rede Globo, foi o Aqui na Band que realmente me popularizou”, fala o jornalista que acrescenta que ao entrar no programa tinha cerca de 70 mil seguidores nas redes sociais e que esse número ultrapassou a marca de 1,3 milhões.
Por ter ficado mais conhecido na Band para o grande público, ele afirma que hoje em dia o feedback dos fãs é muito maior. Seu canal no YouTube também alavancou e hoje conta com mais de um milhão de inscritos. Mas também aumentaram as especulações a respeito de seu lado político de direita. Há quem diga ao profissional que ele é bolsonarista.
“Não gosto de ser chamado de bolsonarista porque não sou militante. Não tenho políticos de estimação, não sou partidário. Se não tiver senso crítico, se não for desconfiado, um jornalista deixa de existir. Claro que tenho convergência de ideias com o governo Bolsonaro e enxergo nele muitas qualidades. Minha visão política não procura utopias, um mundo imaginário”, opina Lacombe.
“Não abro mão de defender menos Estado, livre mercado e um país com princípios morais, que respeite os valores em que construímos a nossa sociedade. É só olhar o que deu certo no mundo para definir o caminho para o desenvolvimento. É preciso apostar na manutenção do que funciona e na mudança gradual daquilo que pode melhorar”, finaliza.
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