Camila Pitanga estreia no Superbonita e quer romper padrões de beleza
Atriz fala sobre momento político de 'resistência, luta e diálogo'
Atriz fala sobre momento político de 'resistência, luta e diálogo'
Camila Pitanga tinha 20 e poucos anos e estava no início da carreira quando foi rotulada de sex symbol (símbolo sexual). Mas ela não se identificava com aquilo. Hoje, aos 42 anos, ela relembra o período e reconhece como foi importante cortar o cabelo “joãozinho” e pintar os fios de roxo para se desvincular daquele padrão.
A partir dessa experiência e de outras escolhas que ela tomou ao longo da sua vida e carreira, a atriz conta que foi fortalecendo a sua identidade e reconhecendo a sua singularidade. E é, desse ponto de vista, de uma beleza que vem de dentro para fora e livre de rótulos, que ela assume o comando do Superbonita, programa do GNT que estreia nova temporada nesta quarta-feira (7).
"Não se condicionar a um padrão de beleza e assumir a sua singularidade está sendo um mote de resistência das mulheres hoje", afirma Pitanga em entrevista ao F5.
A atriz substitui Karol Conka, que comandou a atração entre 2017 e 2018. Outra mudança é que o programa deixa de ser uma competição entre maquiadores, como foi nas duas últimas temporadas, e volta a ter um formato que valoriza entrevistas. Pitanga conversa com famosas e anônimas, que falam sobre as suas transformações e compartilham dicas de maquiagem, beleza e autocuidado.
As atrizes Mariana Xavier e Luana Xavier, e a youtuber Gabi Oliveira, do canal DePretas, são algumas das entrevistadas. Entre os temas, estão menstruação, sono e maturidade. Para a estreia, a convidada é a jornalista Andréia Sadi, da Globo e da GloboNews, e o assunto abordado é a falta de tempo e de rotina para se cuidar.
Camila Pitanga ressalta que a ideia é ter representatividade, mostrar mulheres de diferentes corpos e belezas. "Ainda que a cada programa, as convidadas tenham caminhadas bem diferentes, uma fala comum a todas é como é importante as mulheres se amarem e não ficarem presas em função de algum tipo de padrão", explica.
A atração, reforça ela, também não quer "dar a palavra final" sobre beleza, o que é certo ou errado. "O Superbonita não está a fim de ditar nenhuma regra, ele está querendo criar um painel de comportamentos para mostrar que toda mulher pode ser como quiser, gostar de si e de se respeitar."
Citando a sua filha, Antônia, 11, a atriz destacou que a atual geração de jovens e adolescentes já é muito mais livre de rótulos e padrões. "Pelo contrário, elas querem brincar com a estética. A Antônia mesmo cortou o cabelo, agora descoloriu e pintou de verde. É uma liberdade enorme. E ela só tem 11 anos. Eu quando fui cortar, e pintar estava com 19, e já era para mim super arrojado", afirma.
Foi Antônia também que sugeriu a participação da youtuber Raissa Galvão, que ficou conhecida como Ray Neon no Instagram, e é referência de moda plus size. "Foi um dos gols de placa da temporada. A Ray é uma pessoa maravilhosa, que rendeu uma conversa emocionante", disse.
Todos os 11 episódios do Superbonita já foram gravados. Na direção, está a documentarista Susanna Lira. O programa será exibido semanalmente, e poderá ser assistido também no GNT Play.
Para Camila Pitanga, o momento atual político do país é de "resistência, luta, união e diálogo". A atriz é conhecida por suas posições críticas ao atual governo de Jair Bolsonaro. No dia 30 de julho, ela participou de manifestação na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), no Rio, a favor da liberdade de expressão e do jornalista americano Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil, que vêm publicando os diálogos entre Sergio Moro e procuradores da Operação Lava Jato retirados do aplicativo Telegram.
O protesto foi uma resposta a afirmação do presidente Bolsonaro que Greenwald "talvez pegue uma cana" por divulgar as mensagens. "É papel de toda a sociedade escolher os rumos do país que vive. E, no meu trabalho, nas escolhas que tenho feito, estou tentando honrar isso", afirmou Pitanga.
A atriz afirma, por exemplo, que acredita ser importante mostrar a luta de ativistas pelo meio ambiente a partir de uma série como "Aruanas", do GloboPlay, e da qual ela participa como a vilã Olga. "Ela [a série] foi escrita para pensar a Amazônia, para defender a Amazônia, para sensibilizar as pessoas que todas elas podem atuar em defesa do meio ambiente. Esse é um problema que é mundial, não é só do Brasil, mas nós brasileiros temos que ter responsabilidade sobre isso."
Pitanga confirma, inclusive, que deve começar gravar a segunda temporada de "Aruanas" no fim deste ano. Além da série e do Superbonita, ela também está no teatro com a peça "Por que Não Vivemos?", em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio.
"A peça trata de um encontro de amigos. E nesse encontro é notório uma sensação de apatia, de descrença. Esse texto que o Chekhov [o dramaturgo russo Anton Chekhov] escreveu aos 18 anos conversa com a nossa atualidade. Evidente que o nosso desejo não é de mostrar a apatia pela apatia, é de, na verdade, a partir dos diversos questionamentos que os personagens fazem [..] se colocar, pensar o que nós estamos vivendo hoje", explica.
Dessa forma, explica a atriz, o espetáculo foi montado para estar próximo das pessoas. Parte da plateia é ocupada por cenas dos atores, e parte do palco é ocupada pelo público. A peça deve rodar o país. Brasília e Belo Horizonte são as próximas cidades a receber o espetáculo, que deverá ser encenado em São Paulo em 2020.
Ao falar sobre as suas escolhas profissionais, Pitanga cita uma frase dada pela cantora Maria Bethânia em recente entrevista à Folha, em que diz: “A vida exige coragem sempre. É preciso coragem para chegar a uma situação que traga alegria.” "Essa frase para mim faz muito sentido em todas as coisas que eu tenho feito, seja na série 'Aruanas', seja nesta parceria para fazer o Superbonita, seja no teatro", conclui.
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