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Com Taís Araújo, Leandra Leal e Débora Falabella, 'Aruanas' retrata a força dos ativistas

Série sobre defesa da Amazônia estreia nesta terça (2) no Globoplay

Da esq. para dir., Clara (Thainá Duarte), Verônica (Taís Araújo), Natalie (Débora Falabela) e Luiza (Leandra Leal)

Da esq. para dir., Clara (Thainá Duarte), Verônica (Taís Araújo), Natalie (Débora Falabela) e Luiza (Leandra Leal) Fabio Rocha/Globo

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São Paulo

Nomes como o da missionária católica Dorothy Stang, morta em 2005, e da vereadora Marielle Franco, assassinada no ano passado no Rio, servem de exemplos para a história contada na série “Aruanas”, que estará disponível no Globoplay a partir desta terça-feira (2). A Globo exibe apenas o primeiro episódio em sua programação na quarta (3), às 22h50.

As ativistas são representadas por Taís Araújo, Leandra Leal, Débora Falabella e Thainá Duarte na obra, que é fictícia, mas tem inspiração e alguns pés na realidade brasileira. Dirigida por Carlos Manga Jr., a série retrata a luta de ativistas ambientais que investigam crimes graves que ocorrem em uma cidade do Amazonas. 

"Um ativista é um ser humano especial porque ele se dispõe [para este trabalho], apesar dele também ter as suas paixões, os seus problemas e, ainda, sofre as consequências [por seguir essa causa], e isso inclui até perder a própria vida", afirma a atriz Camila Pitanga, que na história interpreta uma das vilãs.

E a produção mostra essa dualidade em todas as personagens. Leandra Leal é Luiza, que além de ativista é mãe solteira e luta pela guarda de seu filho. Natalie (Débora Falabella) passou por duras provas em seu casamento, que parece já estar falido. Já a estagiária Clara (Thainá Duarte) tem um relacionamento abusivo do qual tenta se proteger,. E a forte advogada Verônica (Táis Araújo) vive um paixão proibida.

Em meio a tudo isso, essas mulheres se entranham na selva amazônica na tentativa de salvar a vida de índios e da própria floresta da destruição. Os vilões da história são Miguel (Luiz Carlos Vasconcellos) e sua advogada Olga (Camila Pitanga).

Ele é dono de uma empresa que quer explorar ouro na região e faz isso às custas da vida de índios e da saúde da população local. O que a empresa faz não é pouco: envenena rios, intoxica as comunidades ribeirinhas e desmata a floresta.

A história foi criada por dois ativistas. Marcos Nisti, além de produtor de TV e de cinema, é CEO do Instituto Alana, organização socioambiental. Estella Renner é diretora e roteirista apaixonada por documentários que carregam causas sociais, como “Muito Além do Peso” (2012) sobre obesidade infantil, e “Criança: a Alma do Negócio” sobre publicidade dirigida ao público infantil (2008). 

Ao longo da criação da série, o Brasil começou a enfrentar questões ambientais mais sérias, como a tentativa do então presidente Michel Temer de abrir a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), na floresta amazônica, para exploração das mineradoras. Isso fez com que os roteiristas mudassem a trama principal que era baseada em um vazamento nuclear.

Eleito presidente, Jair Bolsonaro também defendeu a exploração da região. "A necessidade dessa série é tão gritante para o momento em que vivemos, e isso nos faz vibrar como atores. É para isso que trabalhamos”, afirma Vasconcellos. 

Os roteiristas Nisti e Renner afirmam que não bastava fazer um retrato da realidade com documentários. Era preciso utilizar o artifício da ficção para fazer com que a história chegasse a outras pessoas. A produção contou com apoio de 28 ONGs e do conhecido Greenpeace, que ajudou até na preparação dos atores.

Tica Minami, coordenadora de campanhas do Greenpeace, diz que é preciso utilizar o entretenimento para aproximar o assunto da maioria da população. "Já estamos intoxicados com tanta realidade, uma série é um jeito novo de falar sobre temas que parecem chatos e complexos", afirma a ativista. “Queremos que, depois dessa série, o Brasil torça pela Amazônia como torce pela seleção na Copa do Mundo." 

A coordenadora conta que se viu retratada na série de diversas formas, principalmente nas “enrascadas” que as personagens encaram lidando com mineradores no meio da selva. Estella Renner também defendeu a ideia de uma produção que fale sobre o presente. "Há tantos filmes e séries falando de futuros distópicos no qual tudo já foi destruído. Se continuarmos falando só desse tipo de futuro, talvez a gente chegue nele."

"Aruanas" é um investimento mundial da TV Globo. Por meio do site Aruanas.tv, o Globoplay vai disponibilizar os dez episódios da série em 11 línguas, com distribuição em 150 países. Entre julho e outubro, metade do que for arrecadado com as vendas do seriado será doada a projetos em defesa da Amazônia.

EXPERIÊNCIA DE GRAVAR NA SELVA AMAZÔNICA

"Assim que o avião chegou na região eu peguei a mão do senhor do meu lado e disse: você viu? É tudo verde!”, disse emocionada a atriz Thainá Duarte, que interpreta Clara na série. 

O elenco viveu o impacto de passar dois meses direto gravando no meio da Amazônia. A equipe foi formada por 200 pessoas, e a sorte foi que choveu apenas no primeiro e no último dia de trabalho, lembra a atriz Leandra Leal. "Foi uma chuva de 15 minutos, mas que se parecem dois meses, é uma tempestade."

As gravações foram feitas em uma ilha próxima a Manaus e em Manacapuru, parte da região metropolitana da capital. "Foi uma superprodução com 42 barcos, porque mais de cem pessoas tinham que conseguir almoçar na mesma hora. Por isso a gente usava também grandes barcos restaurantes”, conta Marcos Nisti, criador e coprodutor da série.

As atrizes protagonistas de "Aruanas" são conhecidas por militar por causas sociais, mas se viram ainda mais imersas na questão ambiental do país. "Falei com jornalistas ambientais e quando fiz a primeira cena, que já foi a do genocídio da reserva indígena, eu me vi naquela situação em meio à selva, perto do rio Negro. Não tem como não sair modificado de um trabalho desses”, conta Débora Falabella. 

A vilã Olga não coloca o pé na Amazônia, e por isso a atriz Camila Pitanga só gravou cenas em São Paulo. "Já estive lá para filmar um longa e jamais vou esquecer do impacto de ver uma balsa com toras de madeira ilegal. E aquilo foi visto com naturalidade, ao mesmo tempo em que havia pessoas em volta, querendo defender o ambiente e sofrendo ameaças de morte." 

Leandra Leal conta que sempre lutou pelas causas em defesa da liberdade, mas a partir dessa série, ela espera que todo o público sinta-se convidado a defender essa causa. "Enquanto a gente gravava lá, estávamos passando por algumas questões políticas que me fizeram pensar: e se isso aqui deixasse de existir? Tem muita coisa que pode ser reconstruída, a Amazônia não", diz a atriz.

Já Taís Araújo afirma que se deu conta da importância da ação. "Ter o conhecimento sobre o assunto não muda nada. É preciso colocar um pouco mais de ação nas nossas vidas. A Amazônia não é do Brasil, ela é do Planeta e é garantia da nossa sobrevivência, da vida dos nossos filhos. Não tem como ser contra isso."

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