Segundo ano de '13 Reasons Why' amplia debate sobre machismo
Série polêmica que trata de bullying, estupro e suicídio adolescente ganha nova temporada
Após uma primeira temporada de bastante repercussão, por causa do debate sobre suicídio adolescente, a série da Netflix "13 Reasons Why" volta à plataforma sob demanda nesta sexta (18) abordando outros temas delicados.
No enredo principal, a colegial Hannah (Katherine Langford) se mata após ser vítima de bullying e rejeição na escola (e por fim um estupro). Antes de morrer, grava uma série de fitas cassetes narrando sua história e nomeando aqueles que considera responsáveis por sua morte.
Nesta segunda temporada, é a vez de os acusados por Hannah contarem seus lados da história, por meio de flashbacks e novas evidências que começam a pipocar pelo colégio. Enquanto isso, a instituição tenta se defender de um processo movido pelos pais da garota morta.
Capítulos avançam conforme o julgamento da ação, que conta com depoimentos polêmicos dos alunos. Novas provas surgem e reações inesperadas dos personagens permeiam a história. Enquanto isso, o fantasma de Hannah começa a perturbar Clay (Dylan Minette), clamando por justiça e dando pistas para o jovem.
A personagem de Alisha Boe, Jessica, ganha protagonismo na segunda temporada, que dá passos incomuns no entretenimento infantojuvenil ao debater temas como o machismo institucional. Estuprada por Bryce Walker (Justin Prentice), Jessica é obrigada a cruzar com o próprio algoz todos os dias pelos corredores da escola.
Astro do esporte, queridinho dos professores e membro de uma família rica e influente na cidade, ele se sente protegido pelo sistema. "Você se surpreenderia com a quantidade de histórias semelhantes que eu leio na internet. Mesmo quando as garotas conseguem enfrentar o medo e se abrir sobre isso, denunciar seu estuprador, a escola muitas vezes não faz nada", conta a atriz Alisha Boe ao F5.
"É um tipo diferente de abuso que continua acontecendo todos os dias. Isso acontece com garotas o tempo todo. E também com mulheres adultas em seu ambiente de trabalho", afirma a atriz.
Suicídio, estupro, drogas e bullying são temas que ganharam mais visibilidade nos últimos anos. As taxas de suicídio de crianças e adolescentes no Brasil têm aumentado. De 2000 a 2015, os suicídios subiram 65% entre pessoas com idade de 10 a 14 anos e 45% de 15 a 19 anos —mais do que a alta de 40% na média da população.
Os dados são do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com base em dados do Ministério da Saúde. As taxas nesses grupos (de 0,8 e 4,2 por cem mil habitantes, respectivamente) estão abaixo do índice geral (5,5).
"Meninos vão assistir e entender como eles podem afetar uma garota. Eles poderão se colocar na pele dela e entender como um trauma como esse pode afetar suas vidas", diz Christian Navarro, que vive o personagem Tony.
Boe defende uma reeducação sexual, principalmente de garotos, "que não têm uma ideia realista de sexo porque a única referência é o pornô".
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