Música

Com parceria de Ferrugem, Salgadinho retoma carreira solo e diz que fazer clipes é novidade

'Sol e Sal' marca lançamento de novo EP do sambista nesta sexta

salgadinho com chapéu na mão
"Sol e Sal", parceria com Ferrugem, é a primeira música do novo EP do sambista - Divulgação
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São Paulo

"A gente era fogo e brasa/Queijo e goiabada/Feijão e arroz.” Esse é o refrão da nova música de Salgadinho, 49, que teve sua carreira marcada com o grupo Katinguelê e, atualmente, faz shows com o projeto Amigos do Pagode 90.

A letra da nova música é de Ferrugem, 30, ícone recente do pagode. A dupla divulgou nesta sexta-feira (26) o videoclipe da música “Sol e Sal”. "Estou gravando o meu disco –quer dizer, não se fala mais disco, né?– o meu EP,  no Rio de Janeiro, e ele me mandou essa música. Logo vi que tem meu nome abreviado ‘Sal’ no título. Decidimos, então, gravá-la juntos”, conta Salgadinho.

Mesmo com a voz e letra de Ferrugem ao lado de Salgadinho, a canção remete aos sucessos dos anos 1990. “Essa música vem ao encontro com o que eu fazia antigamente, a estrutura da melodia e da harmonia”, afirma o artista.

O videoclipe começa como uma espécie de websérie romântica, que terá continuidade com as outras seis músicas do EP de Salgadinho. "Contamos a história do casal tipicamente brasileiro com mistura de raças. Enchi a paciência do roteirista para que o ‘queijo e goiaba’ que é simples e genial da letra inspirasse essa ideia", conta o artista.

Isso explica a escalação dos atores: a atriz negra Aline Bernardes, que faz papel de uma executiva, e Dudu Pelizzari, um homem branco e com estilo totalmente diferente do dela. "O Brasil é essa miscigenação. A história do clipe não tem fim, porque será como uma novelinha com esse mesmo casal”, afirma Salgadinho.

Em um período de um a dois meses, o artista deve divulgar uma nova faixa pelo YouTube. “A minha geração não é de videoclipe, só o rock n’ roll e a MPB faziam clipes, mas agora a galera quer isso. Antes, o pessoal só imaginava a música, tivemos que nos adequar”, brinca o cantor.

O último álbum só de inéditas de Salgadinho foi “Feliz por Ter Você" (2013), com participações do grupo americano Big Montain, Turma do Pagode e Netinho di Paula. Já o CD/DVD “Minha Verdade" (2016), ele retomou sucessos dos anos 1990 com algumas faixas inéditas.

"Deixei no YouTube este último DVD porque são músicas conhecidas, para o pessoal curtir os sucessos daquela época”, conta Salgadinho. Entre as inéditas desse trabalho, “Que Paixão Tão Linda É Essa”, é uma parceria com Tunico da Vila, filho de Martinho da Vila. “Essa música estava bem nas rádios, tocando muito, mas a agenda do Pagode 90 acabou não dando espaço para trabalhar o projeto. Esse EP vai coroar essa espera.”

POR QUE FERRUGEM VIROU SUCESSO?

Salgadinho já tinha farejado o sucesso de Ferrugem muito antes do jovem artista estourar. "Ele vinha fazendo um trabalho muito sério, que nem todo o artista está disposto a fazer. O talento dele é óbvio, mas se não há dedicação e seriedade nada vai para frente", afirma o cantor.

Ficar meses fora de casa e ter a humildade de tocar em lugares com pouca estrutura são algumas dificuldades enfrentadas por quem deseja se dedicar à música. "Com muitos shows por todo o Brasil, logo começaram a falar do menino de cabelo vermelho que canta para caramba", lembra o artista.

Ferrugem ainda traz a versatilidade de sua geração. Faz parcerias com sertanejos, funkeiros e forrozeiros. “A música que Ferrugem fez para o EP é muito parecida com tudo o que já fiz, é o samba de sempre. Hoje parte dos estilos músicas são associados ao universo do sertanejo, como o funk, o pagode e o forró. Isso é uma grande sacada. O samba acaba perdendo espaço pela timidez de usar outros ritmos. Ferrugem consegue fazer essa mistura", afirma o artista. 

Para Salgadinho, olhar para o sucesso de Ferrugem e Mumuzinho no samba é um privilégio. “É uma continuação do que sempre quisemos fazer, tornar o samba popular com música de qualidade."

Para o EP com sete músicas que deve ser lançado completo até o início de 2020, Salgadinho escalou um time de novos talentos. "Eu ia gravar mais músicas minhas. Tenho criado muito e sempre, mas como eu não gravei, fiquei sem coragem. Aí peguei as canções dessa galera mais nova", conta o artista.

Para este disco, há uma música do Ferrugem e outra de Rhuan André, que é neto do Sereno, músico do Fundo de Quintal. "Rhuan tem apenas 20 anos e parece que nasceu com 50, porque as músicas que ele faz são muito interessantes. Chamei também Thiago Soares, que está explodindo com as composições dele", conta Salgadinho. 

Investir em novos talentos é que o faz o samba continuar e o que mantém, segundo o artista, a sua carreira. " Olhar 20 anos depois da minha geração e ver uma cena nova de artistas é bom, e estar no meio dessa galera é ótimo!"​

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