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'Pacto Fashion': 32 empresas da moda se comprometem a preservar o meio ambiente

Hermès é uma das marcas dispostas a preservar o meio ambiente
Hermès é uma das marcas dispostas a preservar o meio ambiente - Thomas Peter/Reuters
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Trinta e duas empresas da indústria da moda –da produção à distribuição– lançaram nesta sexta-feira (23), paralelamente à cúpula do G7, o “Fashion Pact”, ou “Pacto Fashion”. O texto é um compromisso a favor do meio ambiente para reduzir as mudanças climáticas, além de ajudar a biodiversidade e os oceanos. O acordo inclui gigantes do setor, como Hermès, LVMH, Kering e Adidas.

A indústria da moda é uma das mais poluidoras por causa dos microplásticos encontrados nos tecidos e que terminam nos oceanos após cada lavagem. Além dos pesticidas usados na produção de algodão ou dos produtos químicos das tintas. Por fim, o transporte de roupas é responsável por pelo menos 10% das emissões mundiais de CO2.

O governo francês encarregou, em maio, François Henri Pinault, chefe do grupo de luxo Kering, de mobilizar o setor em relação a seu impacto ambiental. Dessa medida nasceu o acordo de 32 empresas que se comprometem a tomar precauções como, por exemplo, usar 100% de energias renováveis até 2030.

O texto foi visto com desconfiança pelas ONGs. Para agir de forma direta pelo clima, a ação mais efetiva é conhecida de longa data, segundo as organizações ambientais: acabar de vez com a “fast fashion", isto é, com a indução ao consumismo. Será preciso também eliminar as fibras sintéticas e levar em conta as condições de trabalho desastrosas da produção.

"Slow Fashion" busca minimizar impactos da moda no meio ambiente ​

Enquanto grandes marcas continuam com sua produção em massa, muitas vezes explorando a mão de obra e poluindo o ambiente, alguns designers, produtores, fabricantes e consumidores pensam a moda de maneira alternativa e ecológica: este é o ponto de partida da Slow Fashion, um movimento mundial para a desaceleração da indústria da moda.

É o caso da jornalista e consultora de moda Ana Fernanda Souza, criadora do coletivo Justa Moda, em Salvador, que prega a justiça social e ambiental em toda a cadeia de produção.

“O próprio nome, Justa Moda, é uma brincadeira com isso. Quando a gente compra uma roupa nova, na promoção, a gente diz 'paguei um preço superjusto’, que significa ‘paguei barato’. E a questão é: justo para quem? Uma calça de R$ 10 é um preço justo? Pode ser para quem compra, mas e para quem faz? Para quem colheu aquele algodão? Para quem está no balcão, para aquela vendedora que está ali 12 horas em pé, vendendo aquela roupa? É muito importante que a gente pense na justiça como um valor para toda a cadeira da moda. Não apenas para quem está na ponta, consumindo. Alguém está pagando este preço que eu não pago”, afirma Ana Fernanda.

A troca, o compartilhamento, o remendo e até a reutilização de tecidos antigos: vale tudo para diminuir o impacto. Para consumir com mais responsabilidade e limitar seu impacto ecológico, alguns tomam a decisão de parar de comprar roupas novas e até mesmo usadas.

Mudança de concepção

Segundo a Agência francesa para o Meio Ambiente e a Gestão de Energia (Ademe, em francês), mais de 100 bilhões de roupas são vendidas no mundo. A produção duplicou entre 2000 e 2014. A indústria da moda emite 1,2 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa a cada ano. Para fazer uma camiseta, são necessárias o equivalente a 70 duchas de água.

A marca Les Récuperables busca mudar a concepção, a produção e também o consumo da moda. "É um método que é necessário porque há excedente de produção. E porque também é inerente à produção ter mais material que o que vai ser utilizado. Por outro lado, continua a ser uma solução de emergência. A solução é realmente o ecodesign, com um material inovador, o menos prejudicial para o meio ambiente possível, com uma duração máxima do produto. E o sonho seria poder plantar sua roupa no fundo do jardim e que ela sirva para alimentar a sua horta", defende Anaïs.

Se a indústria têxtil, muitas vezes apresentada como a segunda mais poluidora do mundo, continuar sua ascensão, em 2050, ela representará 26% das emissões de gases de efeito estufa, de acordo com um relatório da Ellen McArthur Foundation publicado em 2017. Em oposição à fast fashion –que engloba a manufatura, a distribuição e principalmente o consumo em massa–, a Slow Fashion seduz cada vez mais.

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