Frenéticas e Baby do Brasil estrelam musical sobre os anos 1970 em São Paulo
70? Década do Divino Maravilhoso Doc. Musical faz traçado histórico e cultural do país
Censura é uma das palavras mais marcantes no espetáculo “70? Década do Divino Maravilhoso Doc. Musical”, que tem o privilégio de ter no elenco Baby do Brasil, dos Novos Baianos (apenas na temporada paulistana), e três componentes originais das Frenéticas, Leiloca Neves, Sandra Pêra e Dhu Moraes.
O musical, em cartaz no Theatro NET São Paulo, na Vila Olímpia (zona oeste), faz um traçado histórico e cultural do Brasil e do mundo por meio de músicas e imagens que marcaram a efervescente década de 1970.
A recepção em São Paulo tem sido um "espetáculo", diz Sandra Pêra, após aclamada temporada no Rio. “É um espetáculo maravilhoso, super competente, um elenco sensacional, músicos deslumbrantes fazendo essas músicas da década de 70. A recepção é braços abertos, abertos, abertos, braços abertos.”
No repertório que botou o Brasil para dançar, as Frenéticas deixaram clássicos como "Perigosa", "Vingativa" (ambos de 1977), e "Dancing Days" (1978). Sobre voltar a ser uma frenética no palco, Sandra diz que é muito bom.
"Não é que volto a ser frenética, estou recebendo uma homenagem de uma época em que nós éramos seis frenéticas. Então nós três aqui estamos representando um período sensacional, quando fomos um grande ‘boom’ do momento. É muito prazeroso. É uma honra você estar no palco sendo homenageada."
De forma cronológica, o espetáculo mostra os anos 1970 por meio de depoimentos, fotografias e vídeos que passam em telões. A peça, sem linha narrativa, lembra as músicas de protesto de Chico Buarque, a parceria de Elis Regina e Tom Jobim, o tropicalismo, o brega de Odair José e o rock dos Mutantes, Secos e Molhados e Raul Seixas.
Quando chega a época dos Novos Baianos, Baby do Brasil agita a planeia com seus longos cabelos roxos e a mesma energia dos anos 1970. Nesse período, também, o mundo viu nascer clássicos globais do rock, como “Bohemian Rhapsody” (Queen), “Angie” (Rolling Stones) e “Ziggy Stardust” (David Bowie). A potente canção do Queen, com um cenário feito por lanternas no escuro, é um dos que mais anima a plateia.
SAUDOSISMO DOS 70
O visual exuberante, com maquiagem pesada e trajes femininos de Dzi Croquettes, grupo de teatro que usava a irreverência para criticar a ditadura, não foi esquecido. "Eu ia com meus pais assistir", conta Leiloca.
Ela também fala com carinho dos anos 1970, época em que era uma das estrelas de um dos maiores grupos musicais do país, e como é estar de volta aos palcos nesse papel. “Cá pra nós, já nasci Frenética, animada, bem humorada, graças ao DNA da minha família: pais atores, bisavô poeta, tia bailarina e pianista e sobrinho neto praticamente ‘baterista-compositor’”.
Ela diz, ainda, que é como andar de bicicleta. “Dirigir, cantar, beijar na boca: a gente não esquece. O que permeia todas as minhas atividades profissionais é minha espontaneidade humorada.”
No final da peça, o público é convidado a subir ao palco para dançar. "É uma festa, a recepção é maravilhosa, tanto quanto no Rio”, diz Dhu Moraes.
“A frenética está aqui, não perdemos nosso espírito frenético. Só que ao invés de ser a menina com 20 e pouquinhos anos, é uma mulher hoje com seus 60 e pouquinhos”, brinca Dhu. “Mas é uma alegria enorme poder receber essa homenagem com saúde, podendo estarmos no palco dançando e interpretando a nós mesmas. Foi um grande presente."
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