Mostra em SP apresenta xilogravuras que carregam questões da cultura popular
Exposição no Sesc Santo Amaro traz obras de 8 jovens artistas
Montada no Sesc Santo Amaro desde sábado (10), a exposição "Madeira Nova" exibe a produção de oito jovens artistas que trabalham com desenhos feitos em madeira ou em outros materiais –técnica chamada de xilogravura e abordada em diversas oficinas do Sesc. Os selecionados são nomes em ascensão na cena.
Julia Bastos tem 21 anos, é estagiária do museu Lasar Segall, na zona sul de São Paulo, e se diz influenciada pelo expressionismo. Ela apresenta três obras na mostra. “Cárcere” exibe uma mulher nua cercada de dedos e mãos. “O Regurgito” revela alguém perplexo, expelindo cristais, e “Dicotomia do Ser” aposta em tema parecido.
A xilogravura em papel-arroz tem duas moças: enquanto uma delas observa, a outra vomita exemplares da mesma pedra preciosa. “É como algo tóxico, que faz mal, e ela põe para fora. Ainda quis mostrar a dualidade entre o passivo, que só vê, e o ativo, que faz alguma coisa”, afirma ela.
Já Gabriel Balbino, 19, é integrante do coletivo XiloCeasa e expõe um colorido “Porco-Espinho”. Assim, retrata sua paixão por animais que, segundo ele, se "sobressaem". “É exótico, cheio de espinhos e um símbolo de força e resistência. Quem mexer com ele, pode se dar muito mal”, explica.
Ambos representam uma geração que vê na técnica uma nova forma de expressão. "Vejo que há cada vez mais gente fazendo xilogravura", afirma Balbino, que conta se inspirar no artista Santidio Pereira (colega de coletivo e também com trabalhos na exposição).
Julia vai além. “Enquanto estou no processo, vou modificando o desenho até imprimir a obra na madeira. Quando isso acontece, concretiza-se o que sinto e vivencio. É como se fosse uma foto, com a sua impressão de algo. No caso, literalmente."
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