Local onde autoridades do G20 posaram para foto histórica é clássico ponto de pegação carioca
Quem vê aqueles líderes globais de terno nem imagina o que acontece no MAM em fevereiro
O Rio de Janeiro mostrou mais uma vez a sua vocação para sediar grandes eventos, com o G20 reunindo delegações de vários países enquanto simultaneamente um monte de gente foi exercer o dever cívico de fazer bagunça correndo atrás de fanfarras. Ficou para a história do encontro de líderes das maiores nações do mundo uma foto em frente ao Museu de Arte Moderna (MAM), com o Pão de Açúcar no fundo.
O problema é que Joe Biden, dos EUA, Justin Trudeau, do Canadá e Giorgia Meloni, da Itália, não estavam presentes no momento do clique. Mas, na cabeça de quem conhece as maravilhas do Rio de Janeiro um pouco mais a fundo, não foi isso que chamou a atenção. Uma nova versão da imagem foi feita.
O gracejo residiu no fato de que aquelas pessoas tão importantes e que requerem esquemas de segurança tão grandiosos estavam em um dos maiores campos de pegação da cidade. Ou será da Terra? "Os líderes do mundo decidindo o futuro do planeta onde eu faço piquenique e onde meus amigos se pegam no Carnaval", apontou meu amigo Bolívar Torres, experiente observador da paisagem.
É que, naqueles dias de fevereiro, quiçá março, blocos saem de diferentes pontos da cidade e, muitas vezes, confluem para o MAM. Foliões saltam da cama às 6h para estarem pontualmente às 7h em pontos como a Candelária ou a Praça Mauá e vagam em ritmo estratégico para não perderem a banda de vista. A bebida é garantida por uma infalível rede de ambulantes.
No começo da tarde, quando todos já estão bastante altos, o grupo chega ao museu e a amplitude do espaço é mais um dos vários convites ao flerte. Quem queria beijar e não tinha beijado ainda, depara-se com a tempestade perfeita.
Já vi casal de beijando nervosamente em cima das pilastras que sustentam o prédio modernista enquanto a melodia de "Carinhoso" retumbava no grande vão. Presenciei uma amiga rolar na grama ao encontrar um dos ficantes, que por sua vez estava com outra ficante, que, se ficou chateada, não se fez de rogada e foi beijar outro. Uma cena que em nada remete às reuniões bilaterais das quais se ocupavam os chefes de estado.
Mas não é só a libido de carnavalescos que escorre pelas paredes do museu. Acaba que, em outros momentos do ano, seu entorno é palco de enlaces amorosos durante as madrugadas. Quem pode julgar? A brisa é fresca, a vista é bonita. "As árvores ajudam a esconder", conta um folião que vamos chamar apenas de Rogério, sobre as vantagens de dar e receber em contato com a natureza.
Elena, outra foliã, me contou de quando saía de um samba ali perto com um rapaz muito gostoso e devidamente equipado com camisinha e eles resolveram ir aos finalmentes encostados em uma das paredes do prédio. Ela bem que tentou usar sua blusa como anteparo entre suas costas e o concreto, mas de que adiantou, se ela vestiu a mesma blusa depois?
"Resultado: uma ziquizira alérgica que me obrigou a dias inteiros de polaramine", diz ela. Micose cutânea? Sim, mas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), não, afinal, sem preservativo jamais.
Para quem gosta de farra, zoeira e caos lúdico, poucos lugares no mundo são tão apropriados quanto a capital fluminense. Além da beleza estapafúrdia, a cidade tem experiências com eventos que vão desde o show da Madonna até rodas de samba mais singelas.
E tem dessas ironias, de saber que alguns dos mais poderosos do mundo estão trocando apertos de mãos onde você talvez tenha apertado algumas bundas.
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