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X de Sexo Por Bruna Maia

O golden shower de Otaviano Costa e Flávia Alessandra

Leitores contam que, por trás do fetiche com xixi, existe idolatria e entrega

Flávia Alessandra, de blusa branca decotada, e Otaviano Costa, de camisa azul, sorriem em um ambinete que parece ser a sala de casa, com plantas e uma escada atrás; ele aponta para ela e ambos aparecem da cintura para cima, numa reprodução da tela da TV
Flávia Alessandra e Otaviano Costa jogaram um holofote sobre o tema - Reprodução / TV Globo
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Dia desses perguntei sobre golden shower num grupo de zap e a minha amiga toda ligada nos fetiches avisou: "Mijo é o novo pack do pezinho". Ela me garantiu, com seu faro para tendências de putaria, que a chuva dourada vem caindo no gosto do povo, tal qual a podolatria há um tempo atrás. Estava certa.

Quando celebridades começam a falar despudoradamente de alguma coisa é porque ela está virando o novo normal. Essa semana, o reconhecido e reconhecível casal Otaviano Costa e Flávia Alessandra, junto há 17 anos, confessou curtir a prática.

Dias depois, ele desmentiu, e disse que o comentário não passou de brincadeira. Se era só um gracejo mesmo ou se o desmentido foi porque o fetiche não pega muito bem com anunciantes, é um mistério. Ainda assim, eles jogaram um holofote sobre o tema.

Quando se fala disso, lembro do meu amigo Pedro contando que, há uns cinco anos, foi na mítica balada eletrônica Berghain, em Berlim, e havia um homem careca com roupas de couro que ficava a noite toda ajoelhado do lado de um mictório dizendo "mija na minha boca, mija na minha boca" e volta e meia alguém mijava. "Tá pra nascer terapeuta capaz de analisar aquele cara", disse o Pedro, pouco antes de perceber que cenas como essa são relativamente comuns em Berlim —e talvez sejam até recomendadas pelos psicólogos, ainda que não pelos infectologistas.

Esse peculiar relato da noite é um exemplo extremo da ENTREGA que está por trás do ato de dar ou receber uma mijada em outra pessoa. Afinal, tem que se entregar demais para o desejo para querer ficar tanto tempo de joelhos pedindo urina em uma das mais badaladas festas alternativas do mundo. Como a urina não é estéril e pode ser veículo de infecções, é melhor não se jogar tanto assim.

O cara da balada queria ser consagrado pelo mijo alheio, de uma forma bastante literal (e arriscada). Estava ali, no chão, implorando que algum ser superior tivesse a deferência de mijar nele. "Sabe quando um padre está dando a bênção e joga aguinha na galera? Pra mim as duas coisas estão muito próximas", diz Mariana, uma moça que descobriu que gosta de fazer xixi em homens durante seu primeiro namoro.

Ela se sente numa posição de superioridade, de ídola que, de vez em quando, concede seu amor líquido para um fiel. Notei isso aí no papo do Otaviano, que ficou minutos dizendo como venerava o corpo da parceira, como se ela fosse uma deusa. Mesmo que ele não beba o xixi, dá pra ver que ele valoriza cada centímetro daquela mulher. Adoraria dizer para as leitoras não se contentarem com menos que isso, mas se forem colocar a régua nesse nível é capaz de nunca mais pegarem ninguém na vida.

Já Rafaela, que curte BDSM e é dominadora, tinha um namorado submisso muito obediente e percebia a mesma relação de reverência. Ele fazia todas as tarefas domésticas, gostava de apanhar e de fazer tudo que ela mandasse. "Eu o mandava deitar no box, pisava na cara dele, pois ele era extremamente podólatra, e mijava no corpo todo". Ela conta que isso a fazia sentir-se adorada, afinal, ele queria sorver tudo que era dela, ficava com tesão quando ela esfregava sua lubrificação natural no corpo dele, cuspia nele, enlouquecia de prazer com o xixi dela.

Fora do âmbito do fetiche mais intenso, recebi o relato de um rapaz que fez tudo parecer fofo e muito terno. Ele um belo dia sonhou que estavam fazendo xixi nele e ficou encucado, pesquisou, teve vontade e pediu para sua namorada. Curtiu desde o primeiro momento. Ele fala que adora ver a cara de tesão e alívio da parceira depois que ela mija.

"A gente está compartilhando um momento super íntimo da outra pessoa. Fora que é morninho e, se a pessoa está bem hidratada, não tem gosto nem cheiro forte, acho gostosa a sensação física de levar o banho". Já um outro contou que adora a visão e a sensação que tem: "curto ver o líquido saindo da uretra e escorrendo pela buceta, os lábios se mexendo, gosto de sexo oral e sempre me liguei muito nos fluidos".

Isso me remeteu para outra história antiga. Minha amiga que se envolve rápido havia se envolvido rápido com um cara que não se envolveu tão rápido quanto ela e, depois de alguns encontros, deu um perdido. Ela chorava, chorava, e me dizia: "Como assim ele sumiu? Ele mijou no meu pé no banho!". Pois então, essa mijadinha afetiva que um parceiro dá no pé do outro durante um banho a dois não chega a ser um golden shower, mas é um sinal de intimidade e vulnerabilidade —porém convém não presumir que seja um pedido de namoro.

Agora, algumas dicas para aqueles que ficaram curiosos e querem tentar. O local mais comum para a chuva dourada é o box do chuveiro mesmo. Afinal, tem ralo, água corrente e não suja os lençóis. Outro nome para a prática é water sports ou esportes aquáticos, e deve ser preferencialmente realizada com parceiros com quem se tem intimidade, principalmente se existe o desejo de engolir o mijo.

A urina pode conter sangue e bactérias e é melhor evitar o contato dela com os olhos. Beber bastante água faz com que o cheiro fique mais suave, o que é da preferência de alguns recebedores. Se fizer e gostar, me conta!

X de Sexo por Bruna Maia

Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. É autora dos livros "Parece que Piorou" e "Com Todo o Meu Rancor" e do perfil @dabrunamaia nas redes sociais. Fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.

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