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X de Sexo Por Bruna Maia

Suruba abriu minha cabeça e gozei muito com quem nunca transaria antes

Diversidade de corpos, toques e até falta de ereção fizeram moça curtir sexo grupal

Ilustração do livro 'História de Juliete', de Marquês de Sade
Ilustração do livro 'História de Juliete', de Marquês de Sade - Reprodução
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Escrevo sobre sexo e bate uma síndrome de impostora gigante. Sou heterossexual, não tenho fetiches ligados ao BDSM, não curto ménage, aliás, não gosto de suruba. Odeio suruba, fujo sempre que vejo sinais de uma. Sim, eu já transei em uma casa de suingue e contei tudo para vocês, mas reparem que foi numa sala escura longe de todos os outros. Ainda bem que os leitores me contam histórias, porque se dependesse só das minhas, seria um tédio. A de hoje é da leitora Alice (nome falso).

Ela sempre gostou muito de transar, mas nunca tinha feito nada com mais de um parceiro. Até que um ficante a convidou para ir numa suruba de apartamento. "Eu tinha a cabeça bem aberta pra sexo e ele achou que eu fosse gostar". Ela chegou ao local combinado e parecia uma festinha comum, com pessoas bebendo e trocando ideia. As regras eram bem claras: ninguém precisava fazer o que não tivesse vontade, camisinha, camisinha, muita camisinha e discrição, nada de celulares ou câmeras.

O ficante de Alice deixou claro que não haveria a pressão de transar, ela podia só ficar de boas e iriam embora quando ela quisesse. Nesse clima, ela começou a bater papo com os presentes e se sentiu atraída por alguns. Ficou mais à vontade do que imaginou que ficaria e entrou na brincadeira. Foi bem diferente daquilo que ela havia imaginado.

"Eu tinha essa ideia da suruba de pornografia, em que as mulheres estavam muito a serviço dos homens. Ali eu senti o contrário, que os homens estavam lá para nos servir." Ela diz que alguns dos rapazes nem conseguiam ter ereção e portanto faziam outras coisas, como oral e massagens.

Tendo curtido a experiência, ela foi a várias festas como essa. A menor tinha seis pessoas e a maior tinha 20. A maioria delas era heteronormativa, com alguns bissexuais e alguns homens gays. Um dos causos que ela mais gosta é da vez que ficou horas conversando com uma mulher que havia acabado de se divorciar e achava que não iria chegar ao orgasmo tão cedo. Alice a fez gozar, ela ficou muito surpresa e feliz. "Foi bonito!"

Depois de um tempo de prática, Alice até criou a própria suruba quando convidou uns conhecidos que estavam em uma festa para ir para sua casa. "Quando vi estava rolando e eu percebi que tinha criado um monstro, um monstro muito legal".

Alice diz que outra coisa boa que a suruba lhe trouxe foram os novos ficantes. No rolê, ela percebia quem transava bem e trocava contatos. A diversidade dos corpos fez com que ela passasse a ser menos restrita na atração sexual. "Tinha pessoas com quem eu não ficaria antes, às vezes por gordofobia ou algum outro tipo de preconceito, mas na suruba eu me livrei completamente disso e hoje me sinto atraída por pessoas muito diferentes umas das outras".

A questão toda é que suruba boa assim é para os bem informados. Para ser convidado para uma, você tem que conhecer alguém que já frequente e que tope te levar. E tem que ter noção. Uma outra amiga minha conta que decidiu levar um amigo para uma suruba no motel e enquanto ela estava lá, chupando a xoxota da coordenadora geral da orgia, entram avisando que o rapaz havia sido insistente em uma abordagem com uma pessoa que não estava a fim de trocar fluidos com ele. Por causa disso, ele foi expulso e ela teve que largar o serviço que estava fazendo pela metade para levar o cara embora e dar umas puxadas de orelha nele.

Como achar as surubas da minha cidade? Como evitar constrangimentos na orgia? O que preciso para organizar uma na minha casa? Isso é assunto para outras colunas.

X de Sexo por Bruna Maia

Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. É autora dos livros "Parece que Piorou" e "Com Todo o Meu Rancor" e do perfil @dabrunamaia nas redes sociais. Fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.

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