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X de Sexo Por Bruna Maia

Realizei o sonho de Xuxa e fui a uma casa de swing; foi horrível, me diverti

O ambiente é cafona, tem mais performance do que prazer, mas transei com um gostoso

Mezanino da casa de Swing Inner Club - Inner Club/Divulgação
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Xuxa disse há poucos dias que gostaria de ter ido numa casa de swing antes dos 60 anos, mas nunca realizou esse desejo. Sou capaz de apostar que mesmo o mais pudico dos leitores já quis saber como é um desses lugares. Como sou acima de tudo uma repórter, me lancei na aventura e aqui estou para saciar a curiosidade de vocês –e da Xuxa– neste relato que contém constrangimento, sexo e um papo com Mel*, certamente uma das mulheres mais divertidas do mundo.

1- A chegada

Escolhi ir à Inner Club, em Santo Amaro. É uma das casas de swing mais conhecidas de São Paulo. Fui com um amigo com quem tenho zero tensão sexual, mas que compartilha comigo o fato de ser bisbilhoteiro –digo, jornalista. Na entrada, os seguranças fazem uma breve revista e o casal pode escolher entre pagar R$ 130 de entrada ou R$ 200 de consumação. Ficamos com a segunda opção, porque trabalhar bebendo é ruim, mas no seco não ia rolar uma boa apuração. Com esse valor dá para comprar oito long necks –custam entre R$ 22 e R$ 25. O bar também vende drinques. Não seja mirim e deixe sua bolsa na chapelaria. Você não quer ficar se preocupando com ela enquanto trepa, né? Chegamos por volta das 23h, mas só depois da meia-noite o lugar foi ficando mais agitado. Segundo o garçom, os dias mais animados são sexta e sábado.

Mezanino da casa de swing Inner Club - Inner Club/Divulgação

2- O purgatório

O bar fica em um ambiente com mesas e cadeiras vermelhas, chão de porcelanato branco, barras de pole dance no meio da pista, músicas de academia dos anos 90 tocando no talo e luzes estroboscópicas. Nas laterais, há sofás cobertos por véus pretos para quem quiser se pegar na balada, mas com alguma discrição. Pela busca de imagens que fiz e relatos que coletei, os ambientes de casas de swing em geral são assim. Não tenha em mente o filme "De Olhos Bem Fechados", de Stanley Kubrick, ou surubas filmadas pela HBO porque você irá se decepcionar. Para se divertir nesses lugares abrace a estética cafona.

Nessa primeira sala não rola muita pegação. Algumas pessoas se beijam, outras se arriscam a dançar com pouca roupa no meio da pista, mas não é ali que você vai ver uma garganta profunda em tempo real, participar de sexo grupal, sentar na cara de um desconhecido. Essa etapa serve para os casais se manjarem e trocarem olhares e ficarem com vontade de se comerem uns aos outros.

E não senti vontade de transar com ninguém.

Com QUASE ninguém.

Ala social da casa de swing Inner Club - Inner Club/Divulgação

3- O público

A realidade dura (às custas de muito Viagra) é que há muitos homens mais velhos acompanhados de mulheres jovens e muito gostosas. Uma conversa com um segurança confirmou a minha impressão de que parte significativa deles eram homens não muito bem conservados e garotas de programa. Na maioria dessas duplas, a falta de química era gritante.

Mas é preconceito presumir que é apenas essa a configuração dos swings. Havia casais que pareciam de fato se curtirem, com idades variadas. Chuto que os mais novos do local tinham por volta de 30, os mais velhos por volta de 60. E havia também algumas mulheres mais velhas. A primeira cena quente que vi foi uma mulher madura rebolando em um homem de cabelos brancos. Ele estava alisando a bunda dela com muito tesão e os dois estavam bastante sorridentes. Não é tarde para Xuxa.

Um problema é que na casa de swing, como na vida, as mulheres são MUITO mais interessantes e bonitas que os homens. E, infelizmente, sou heterossexual e não estava achando nenhum cara atraente ali. Até que apareceu ELE.

Um homem lindo, alto, forte, com rosto de ator de cinema que nasceu naturalmente bonito e não precisou de harmonização facial, um belo sorriso e um volume imenso visível sob calça jeans. Ele estava acompanhado de uma mulher com cabelos vermelhos e um vestido curto, justo e dourado.

Quando eles seguiram rumo à "darkroom" eu finalmente tomei coragem de passar para o lugar onde tudo acontece.

4- O Inferno

Dizia "labirinto" na entrada e eu pensei "kkkk, que piada, colocam umas paredes e chamam de labirinto". Mas aí eu me perdi e comecei a andar em círculos, de modo que é labiríntico mesmo. E parece não ter fim. Você só entra nesse inferninho se estiver acompanhado. E lá fomos eu e meu amigo fazer o que jornalistas fazem (fuxicar).

Há muitas cabines privativas para ter uma transa discreta longe dos olhos dos outros. Algumas delas têm buracos para voyeurs observarem a ação e exibicionistas darem o melhor de si. E há os ambientes coletivos, em que é tudo em todo lugar ao mesmo tempo. E, mais uma vez, você precisa abraçar a cafonice se quiser ter algum prazer.

Um dos chamarizes da casa é o ônibus do prazer. É, tem um ônibus dentro da "darkroom", em que as pessoas entram e ficam se chupando nos assentos. Nada de muito interessante estava acontecendo ali: um homem meia bomba recebia um boquete, uma gatona estava sentada em um tiozão que estava com o rosto avermelhado e uma veia saltada na testa. Me preocupei com sua saúde.

Outro ambiente é uma salinha de cinema exibindo filmes pornográficos. Achei que o lugar estava vazio e fui entrando. Só que um homem estava na última fileira chupando o cu de uma mulher, que parecia estar gostando de verdade. Eles ficaram felizes quando viram que eu estava olhando, então concedi a graça de observar o casal por 30 segundos. Ao lado do cineminha, um grupo de casais estava metendo coletivamente dentro de uma jaula. Eram pessoas bonitas, porém aquela suruba me deixou com a libido no chão. Os gemidos, muito altos e claramente performativos, pareciam tudo, menos manifestações reais de prazer. Ninguém parecia estar curtindo o sexo de verdade.

Outro local de suruba era um ringue em que todo mundo tinha jeito de estar muito cansado, com a cara de quem sabe que amanhã é dia de trabalhar. Os movimentos eram modorrentos, os gemidos desanimados, então eu e meu amigo decidimos que era hora de ir.

Até que.

5- Ele

Quando estávamos tentando sair do labirinto, deparei com o homem bonito acompanhado da ruiva. Então eu simplesmente disse:

- Oi gente, qual é a de vocês? Por que eu queria dar uns beijos nele!

- Fique à vontade!, respondeu a mulher, que se chama Mel.

Tendo todos os consentimentos necessários, eu dei uns beijos no moço, e eu até ia parar nos beijos mesmo, mas ele era muito gostoso então entrei com ele em uma das salinhas. Transamos, com camisinha, óbvio. Apesar de estar bom, eu não estava à vontade no ambiente o suficiente para gozar e minha pressão começou a cair. Pedi para parar, e ele prontamente atendeu, tendo ficado muito lisonjeado quando eu disse que era minha primeira vez naquela casa.

Parece estranho para você simplesmente olhar para uma pessoa e decidir transar com ela ali mesmo se ela concordar? Bem, não é tão diferente do Carnaval, só que pelo menos naquele ambiente ninguém estava suado e com hálito de cerveja quente. Além disso, foi o homem mais gostoso que peguei nos últimos cinco anos, então valeu a pena. Descobri depois que ele era bombeiro.

Depois de tudo, fui ao banheiro. Os virginianos podem respirar tranquilos. Tudo é muito limpo e todas as cabines têm sabonete, álcool gel e chuveirinho para você lavar suas partes. O local também oferece enxaguatório bucal para ficar com o hálito cheiroso.

6- Mel

Enquanto eu transava com o bombeiro gostoso, Mel e meu amigo voltaram para o bar e ficaram de papo. Eu os encontrei lá e comecei a trocar ideia com ela. Sorridente, simpática, alegre, animada, engraçada e simplesmente maravilhosa, ela começou a me falar da cena. Ela é relações públicas e frequenta o meio há mais de 20 anos. Toda semana, se possível de quinta a domingo, ela vai em casas de swing. Ela costuma ir acompanhada de amigos que também curtem esse rolê. O bombeiro gostoso, por exemplo, ela conheceu na rede social D4Swing, que reúne entusiastas da prática.

Mel me disse também que muitas vezes o ambiente é desanimado e baixo astral, como naquele dia, mas que há várias ocasiões em que as casas transpiram diversão. Ela conta que também existem festas para convidados, que os bem informados ficam sabendo –e, para ser bem informado, o único jeito é começar a frequentar os ambientes e conhecer pessoas com o mesmo interesse. A dica dela para quem quer se aventurar são as casas de swing Hot Bar e Spicy Bar, ambas em Moema. Ela me contou um caminhão de outras coisas também, mas isso fica para outras colunas.

Por volta das 2h30, nos despedimos de Mel e rumamos para a rua. Na saída, uma senhora nos ofereceu um pedaço de bolo de milho, cortesia da casa para os frequentadores reporem as energias.

Resumo para os leitores: são grandes as chances de você achar o ambiente cafona e deprimente e sair de lá com a libido do tamanho de um grão de ervilha, foi o que aconteceu com meu amigo. Mas também é totalmente possível você transar com gente gostosa. Boa sorte.

X de Sexo por Bruna Maia

Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. Autora dos livros 'Parece que Piorou', 'Com Todo o Meu Rancor' e 'Não Quero Ter Filhos', fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.

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