Manu Gavassi revisita álbum clássico de Rita Lee em Acústico MTV
Cantora nasceu 18 anos depois de 'Fruto Proibido', que ela sente ser ainda atual
"Fruto Proibido" foi um divisor de águas na carreira de Rita Lee. Lançado em 1975, o segundo álbum da cantora e compositora com a banda Tutti Frutti traz apenas nove faixas, mas pelo menos duas delas se tornaram clássicos do pop brasileiro: "Ovelha Negra" e "Agora Só Falta Você".
Manu Gavassi nasceu em 1993, 18 anos depois de "Fruto Proibido", mas começou a ouvir Rita Lee ainda pequena. "Eu me lembro que tocava muito o 'Acústico MTV' dela no carro dos meus pais quando eles me levavam para a escola", conta ela, em entrevista por videoconferência.
"A discografia da Rita fez parte do meu crescimento. Mas houve um momento em que eu me apaixonei por ela, como uma jovem mulher: quando eu li 'Rita Lee: uma Autobiografia' [ed. Globo, 2016]. Não sei o que me deu. Eu fiquei louca, li em dois dias. Não é que eu adore a Rita Lee, eu sou obcecada por ela, eu me identifico com a alma dessa mulher. Isso é que é ser verdadeiramente fã."
Essa obsessão acaba de gerar um fruto, permitido pela própria Rita: um "Acústico MTV" em que Manu reinterpreta todas as nove canções de "Fruto Proibido", além de alguns sucessos de seu próprio repertório.
"Naquela época, poucas mulheres compunham. A maioria das cantoras gravava músicas escritas por homens. Aí chega a Rita cantando sua própria história. Para mim, esse álbum foi a emancipação dela, como artista e como mulher."
Qual a música de "Fruto Proibido" de que Manu mais gosta? "Cada dia é uma. Quando eu comecei a trabalhar nesse projeto era 'Pirataria', que é genial. Agora estou mais para 'Luz Del Fuego'. A letra fala que um artista pode ser sério sem ser refém disso, sem precisar se levar muito a sério. Por mais contraditório que possa parecer, isso para mim é muito forte. Tem também 'Cartão Postal', quase um blues. Há várias descobertas nesse disco, muito além dos grandes hits."
Rita Lee foi a primeira cantora e compositora brasileira a cantar, em primeira pessoa, o prazer do sexo de um ponto de vista feminino. A primeira que assumiu que sentia tesão e gostava de transar. "Ela se mostra como um ser sexual, uma mulher que deseja", acrescenta Manu. "Isso foi ousadíssimo para a época."
Se quisesse, Rita também poderia ter feito carreira como atriz. Seu talento dramático aparecia em personagens que ela encarnava em entrevistas e até no palco, ou no filme "Dias Melhores Virão", de Cacá Diegues, em que interpreta uma atriz americana que tem sua própria sitcom, "The Mary Shadow Show".
"Ela fazia esquetes no programa 'Tevê Lee Zão', da MTV", lembra Manu, que se identifica com Rita em mais este aspecto: também gosta de atuar. Depois de participar da série "Maldivas", da Netflix, ela já tem um filme pronto, que deve estrear no segundo semestre: "Não Tem Volta", uma comédia romântica com Rafael Infante.
E o BBB 23, ela está assistindo? "Tenho acompanhado pelas redes sociais. Eu sempre vou falar do Big Brother com muito orgulho. Foi uma experiência que me rendeu frutos maravilhosos. Além de eu ter feito duas grandes amigas, a Thelma Assis e a Rafa Kalimman, o BBB ainda me trouxe um público enorme, que vai de meninas de sete anos a mulheres com mais de 60."
Mas agora seu foco é o "Acústico MTV". A gravação do programa aconteceu no começo de novembro de 2022, em São Paulo, e contou com dois convidados especiais: Liniker e Tim Bernardes.
"Eu tinha acabado de conhecer a Liniker. Dividimos uma garrafa de clericot e ficamos amigas de verdade. Aí eu disse, 'acho que eu quero te fazer um convite', e deixei bem claro que ela não era obrigada a aceitar nada. Mas a Liniker topou na hora. Ela também ama a Rita."
Liniker e Manu Gavassi dividem os vocais de "Ovelha Negra". Já Tim Bernardes participa de "Gracinha", que ele também já tinha gravado com Manu para o álbum do mesmo nome. "Eu tenho um certo deslumbre pelo Tim. Ele é uma das pessoas mais talentosas da nossa geração."
Manu fará o que chama de mini-turnê: cinco shows para promover o novo trabalho. "É ótimo dar um descanso da minha própria obra e sair da minha zona de conforto. Estou me redescobrindo cantando de outro jeito. Foi muito gostoso gravar este especial. Agora eu quero levar essa experiência para mais gente."
"Quando eu for uma artista mais velha, ia ser uma honra ter músicas minhas regravadas por jovens que nem nasceram ainda. Já pensou?".
"Acústico MTV: Manu Gavassi Fruto Proibido" estreia nesta quinta (2/2) na MTV, às 20h20. No mesmo dia, o programa também chega à plataforma Paramount+.
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