'Operação Fronteira América do Sul' registra casos de tráfico e contrabando na Colômbia e no Brasil
Novo reality documental estreia no canal Discovery neste sábado (14)
Uma mulher tenta atravessar a fronteira entre o Equador e a Colômbia, acompanhada pela mãe idosa e pelo filho adolescente. Todos têm aparência inofensiva. Mas os agentes do posto fronteiriço de Ipiales, do lado colombiano, logo descobrem em seus computadores que a mulher tem ficha na polícia.
Ela é retida para averiguações. Sua mãe e seu filho não podem seguir viagem sem ela. E um dilema se instala: a senhora é diabética e precisa tomar um tipo especial de insulina, que a família ia comprar quando entrasse na Colômbia.
Este é um dos muitos dramas retratados pelo reality documental “Operação Fronteira – América do Sul”, que estreia no Discovery neste sábado (14), às 22 horas. Produzido pelo canal em parceria com a brasileira Mixer Filmes, o programa registra o agitado cotidiano de postos fronteiriços do Brasil e da Colômbia, por onde circulam diariamente milhares de pessoas.
O programa é inspirado em formatos semelhantes que o próprio Discovery já produziu nos EUA e na Europa, e não segue nenhum roteiro pré-determinado. Uma equipe enxuta de filmagem – apenas dois câmeras, um operador de áudio e uma produtora – passou cerca de 60 dias percorrendo a fronteira do Brasil com a Bolívia (Corumbá) e com o Paraguai (Ponta Porã, Dourados, Guaíra e Foz do Iguaçu).
Uma outra equipe semelhante fez o mesmo na Colômbia, em Cúcuta (fronteira com a Venezuela) e Ipiales (com o Equador). Ambas foram comandadas pelo brasileiro Rodrigo Astiz, diretor-geral da série.
No Brasil, “Operação Fronteira – América do Sul” contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal. Na Colômbia, com a DIAN (Direção de Impostos e Aduanas Nacionais), a POLFA (Polícia Fiscal e Aduaneira) e a Migração Colômbia, que controla o fluxo de pessoas para dentro e fora do país.
“Claro que há muita burocracia, mas nós também tivemos muita colaboração desses órgãos”, me conta Astiz em entrevista por telefone. “Filmamos no estilo “mosca na parede”: não interferimos no que vimos, só observamos. Mas quisemos contar as histórias não só do ponto de vista das autoridades, como também das pessoas que são paradas por elas. E dar um rosto humano para todos.”
“Queremos mostrar uma realidade que as pessoas que moram nas cidades não conhecem”, acrescenta Michela Giorelli, VP de produção e desenvolvimento da Discovery na América Latina, na mesma entrevista por telefone.
Cada um dos 20 episódios de meia hora mostra três casos, de diferentes gravidades. Há os pobres coitados que trazem mercadorias para revender; há contrabandistas de cigarros e eletrodomésticos; e há também, é claro, as chamadas “mulas”, que transportam grande quantidades de maconha ou cocaína, ou de armas. Mas estes nunca são os chefes das quadrilhas, que não preferem se arriscar.
Um ponto sensível coberto pelo programa é a cidade de Cúcuta, por onde milhares de venezuelanos tentam entrar na Colômbia todos os dias, para comprar comida e remédios ou revender mercadorias com lucro.
A crise humanitária da Venezuela gera dramas pungentes que foram registrados pelas câmeras, como o da senhora cadeirante e seu neto deficiente visual, que escondiam muitos quilos de carne para revender no país vizinho. Foram liberados, mas tiveram a carga apreendida.
Na ponte que une as duas nações, a equipe passou por uma situação de risco. Em um ambiente caótico, centenas de pessoas oferecem serviços de carregador aos venezuelanos que voltam para casa. Um dia, a polícia colombiana tentou organizar a bagunça, provocando uma revolta.
Em outra ocasião, Astiz e seu time tiveram o carro abalroado pelo veículo de um narcotraficante em fuga.
Esses perrengues são ossos do ofício. Divisas internacionais costumam ser pontos de tensão, que “Operação Fronteira – América do Sul” tenta captar. Na segunda temporada, outros países deverão ser visitados.
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