Polarização política racha o showbiz brasileiro
Artistas brigam entre si por causa de apoios aos dois presidenciáveis
Neste domingo (21), parte da internet brasileira entrou em combustão espontânea por causa de uma postagem do ator Thiago Gagliasso, irmão mais novo (e bem menos famoso) de Bruno Gagliasso.
O rapaz achou por bem publicar uma mensagem privada que lhe foi enviada pela mulher de Bruno, sua cunhada (e também atriz) Giovanna Ewbank. O texto dela acusa, basicamente, Thiago de cuspir no prato em que come: dá a entender que o ator critica a Globo, mas não recusa a ajuda financeira do irmão sempre que precisa.
Thiago conseguiu mais de 125 mil “likes”, além de uma enxurrada de comentários favoráveis. Também fez com que seus seguidores mais exaltados fossem ao perfil de Giovanna no Instagram, para xingá-la de tudo que é nome.
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A história é só mais um episódio da polarização que rachou o showbiz brasileiro em partes desiguais, e um dos mais insignificantes. Bem mais grave foi a treta pública entre José de Abreu, petista histórico, e Regina Duarte, depois que a atriz declarou apoio explícito a Jair Bolsonaro e até foi visitá-lo. É improvável que eles voltem a atuar juntos algum dia, ou que as facções que ambos representam se reconciliem tão cedo.
Nem Sérgio Sá Leitão, o ministro da Cultura, resistiu a entrar na briga. Também neste domingo (21), ele disparou no Twitter que Roger Waters teria recebido R$ 90 milhões (de quem?) para “fazer campanha eleitoral disfarçada”. Mais um que desconhece a obra do ex-integrante do Pink Floyd, cujo pai foi morto pelos nazistas e que sempre se manifestou contra qualquer coisa que cheirasse a fascismo em seus discos e shows.
Claro que esta não é a primeira vez (e nem será a última) que o mundo do entretenimento se divide por causa da política. Em eleições passadas, sempre houve os que optavam por candidatos de lados opostos do espectro, com cobranças mútuas e discussões públicas.
Agora, como antes, a maior parte dos nossos artistas ficou do lado da esquerda. Mas a grande novidade é o peso das redes sociais, onde se lava roupa suja e também se espalha muita sujeira. Sem falar dos ataques e agressões em lugares públicos como restaurantes e aeroportos: pessoas anônimas perderam o medo de xingar ou cuspir em famosos, desde antes do impeachment de Dilma Rousseff.
Onde tudo isso vai parar? Ninguém sabe, por que a situação parece se agravar a cada semana, com novos impropérios, mais amizades desfeitas e uma entusiasmada caça às bruxas, virtualmente ou no mundo real. Exatamente como está acontecendo com quase todos os brasileiros.
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