Sem muito alarde, a Globoplay se prepara para enfrentar a Netflix
Plataforma de streaming da emissora está ampliando o cardápio
Depois de muitos anos tendo seus programas pirateados no YouTube, a Globo lançou seu próprio site de vídeo sob demanda em 2015. A Globo Play – com o nome ainda escrito em duas palavras separadas – surgiu como um serviço de “catch-up” (atualização, em tradução livre): nela, o usuário pode assistir gratuitamente ao capítulo de uma novela exibido no dia anterior, por exemplo, dividido em trechos curtos e com muita propaganda.
Se optar por uma assinatura paga, ele pode ver o capítulo na integra, sem cortes, e ainda ter acesso a um vasto acervo de material antigo. Ou assistir ao vivo o que está sendo transmitido naquele momento pela emissora.
No entanto, desde o começo a Globo buscou incluir na plataforma alguns conteúdos exclusivos. A novela “Totalmente Demais” teve um “capítulo zero” produzido especialmente para Globo Play. Séries como “Supermax”, “Carcereiros” e “Brasil a Bordo” também tiveram temporadas completas disponibilizadas lá, muito antes de irem ao ar pela TV aberta. E a versão hispânica de “Supermax”, exibida em alguns países da América Latina, só pode ser vista no Brasil pela Globo Play.
Mesmo assim, é pouco. Para atrair um público que está migrando em massa para a Netflix, a Globo Play precisa oferecer mais, muito mais.
Há cerca de um ano, começaram a circular notícias que o serviço passaria por uma grande reformulação. Talvez fosse apresentado como algo totalmente novo: entre os nomes possíveis, cogitou-se até mesmo “Globoflix”.
No final prevaleceu Globoplay, agora grafada como uma única palavra, com novos logotipo e logomarca. Tudo sem muito alarde, em ritmo de “soft opening” – o lançamento gradual, feito aos poucos.
Esta semana, a Globoplay repaginada estreou sua primeira série internacional exclusiva: “The Good Doctor”, um grande sucesso na TV americana, adaptado de um sucesso da TV sul-coreana.
Para promover a novidade, a emissora condensou os dois primeiros episódios e exibiu-os como se fossem um longa-metragem, na “Tela Quente” de segunda passada (27). A audiência foi a maior da sessão desde 2 de janeiro de 2012, quando foi exibido o filme “Hancock”, estrelado por Will Smith. Além disso, a hashtag #TheGoodDoctor subiu ao topo do ranking dos assuntos mais comentados no Twitter.
A Globoplay também promete para breve outras produções internacionais, como a badalada “The Handmaid’s Tale – O Conto da Aia”. E séries produzidas pela própria Globo: “Ilha de Ferro” e “Assédio”, por exemplo, estão em fase de pós-produção e devem entrar logo para o cardápio da plataforma. Talvez nem sejam exibidas pelo canal aberto.
Em paralelo, a Globo também reforçou o caráter de “catch-up” da Globoplay. Edições recentes de atrações como “Vídeo Show” ou “Altas Horas”, que eram reprisadas pelo canal Viva, da Globosat, agora só poderão ser vistas no serviço de streaming.
Tudo isto porque a Globo entendeu que a maior ameaça à sua história hegemonia no Brasil não são concorrentes imediatos como a Record ou o SBT. Já existe toda uma geração que não assiste televisão linear – a TV convencional, com grade de programação, horários marcados, intervalos comerciais, etc. Prefere consumir conteúdo via internet, em computadores, celulares e até mesmo no televisor.
Assim, de mansinho, a nossa maior emissora procura se adaptar aos novos tempos. Talvez, em breve, seja até mais conhecida como a maior produtora de conteúdo audiovisual do Brasil, sem ênfase na maneira como esse conteúdo é disponibilizado.
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