Kate Middleton, a princesa perfeita: impecável e ligeiramente sem sal
É exatamente disto que a monarquia britânica precisa: algo sem graça, feito uma xícara de chá
Na semana que passou, a atenção do mundo inteiro esteve voltada para Kate Middleton. A mulher do príncipe William, o segundo na linha de sucessão do trono britânico, deu à luz o terceiro filho do casal, Louis. E atraiu milhares de comentários ao sair do hospital poucas horas depois do parto, toda lépida e faceira, com seu bebê no colo.
Comparada à sua sogra, a princesa Diana (1961-1997), Kate até que frequenta pouco as manchetes. Só é notícia por causa dos filhos. Não dá entrevistas bombásticas nem arrisca nos modelitos. É quase uma esfinge sorridente. Uma plebeia morena em meio à realeza loura.
E tem se revelado perfeita no papel para o qual foi escalada. É linda, discreta, elegante, desprovida de opiniões.
Até sua origem não-nobre conta a seu favor. Seus pais, ex-funcionários da British Airways, fizeram fortuna com uma rede de lojas de artigos para festas infantis. São, portanto, novos-ricos: um acinte para a antiga aristocracia britânica, mas um exemplo de ascensão social nos tempos que correm.
Diana era nobre, mas também era ingênua. Há quem diga que ela teria sido escolhida pela Casa Real por ser virgem e fotogênica, duas qualidades que interessavam ao príncipe Charles (que já mantinha na época um caso com uma mulher casada, Camilla Parker-Bowles, hoje sua esposa).
A garota de apenas 19 anos acreditou que estava vivendo um conto de fadas, e botou para quebrar quando descobriu que não era bem assim. Boatos sobre rusgas conjugais começaram a correr logo após o casamento, em 1981. Depois da separação, Diana passou a levar uma vida de socialite deslumbrada, até morrer num acidente de carro em Paris, perseguida por paparazzi. Mas antes, revelou inúmeros segredos dos Windsor, o que também gerou rumores de que teria sido morta a mando deles.
A rainha Elizabeth 2ª viu sua popularidade despencar ao não reagir prontamente à morte da ex-nora (um episódio bem retratado no filme "A Rainha", de Stephen Frears). E decidiu que ninguém parecida com Diana jamais pisaria na ala privativa do Palácio de Buckingham.
Monarca profissional, Elizabeth 2ª sempre manteve um perfil discreto, apesar das milhares de aparições públicas. Em Kate Middleton, ela parece ter encontrado uma sucessora à altura.
Aliás, é de se reparar que a imprensa ainda chame a futura rainha pelo seu nome de solteira. Diana virou "Lady Di" assim que despontou para a fama, e jamais foi chamada de "Diana Spencer" nas revistas de fofocas. Talvez seja outro sinal dos tempos —e positivo— que a mulher do herdeiro britânico mantenha alguma individualidade, não sendo totalmente definida pelo marido.
Os dois chegaram a morar juntos durante anos, até finalmente se casarem em 2011. Outro sinal dos tempos. No entanto, mesmo projetando independência e assertividade, Kate Middleton também é meio sensaborona. Seu carisma é em fogo baixo. Não desperta paixões, nem contra nem a favor. Outro contraste com Diana.
Mas é exatamente disto que a monarquia britânica precisa para sobreviver a médio prazo. Uma rainha bonita, desembaraçada, mas sem uma personalidade muito forte. Algo sem graça, feito uma xícara de chá.
No próximo dia 19 de maio, o príncipe Harry, irmão mais novo de William, se casa com Meghan Markle, uma atriz americana, mulata e divorciada.
A imprensa que cobre a vida das celebridades respira aliviada.
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