Fim do Pânico na Band marca o fim de uma era?
Quando se transferiu da RedeTV! para a Band, em 2012, o Pânico já havia passado por seu auge. Na nova casa, a atração comandada por Emilio Surita continuou alcançando bons índices de audiência, mas com repercussão cada vez menor. Até mesmo as polêmicas, que continuaram frequentes, passaram a causar menos reboliço na internet.
O golpe de misericórdia veio no final de 2013, mas não foi imediatamente fatal. A saída de Sabrina Sato, que foi para a Record fazer carreira-solo, desequilibrou o Pânico. A apresentadora trazia doçura e leveza para o programa, com seu ar de sonsa e seu eterno sorrisão. Sem ela, a trupe se reduziu a um bando de moleques bagunceiros. E o público também, o que afugentou os anunciantes.
Na semana passada, a Band divulgou que exibirá o Pânico apenas até dezembro deste ano, apesar do contrato entre as partes ir até o final de 2018. É provável que venha uma batalha judicial por aí: Surita avisou que vai cobrar uma multa de R$ 10 milhões na Justiça. Mesmo assim, a emissora sai no lucro, já que o programa está em R$ 15 milhões no vermelho.
O fim do Pânico na Band marca o fim de uma era? Por um lado, sim. Seus maiores talentos já partiram em busca de novas paragens, como Wellington Muniz (o Ceará), Eduardo Sterblitch e a própria Sabrina. Quadros como o assédio gratuito a celebridades --como o que Evandro Santo vem fazendo atualmente contra Pabllo Vittar-- também já perderam a graça faz tempo.
Por outro lado, o sucesso do canal do Pânico no YouTube, com muitos vídeos que ultrapassam um milhão de visualizações, mostra que ainda há uma audiência considerável para o estilo de humor do programa. Enquanto isto, na RedeTV!, o Encrenca --um descendente direto do Pânico-- vai bem no Ibope com uma produção muito mais barata.
Talvez esteja aí a chave do problema. O Pânico se tornou grande demais e caro demais, e suas receitas não cobrem mais as despesas. Além disso, a própria Band passa por uma crise: faz tempo que a emissora não consegue emplacar um novo sucesso, o que traz reflexos negativos para toda a grade de programação.
Conseguirá o Pânico se mudar para o SBT? Consta que estão em curso negociações nesse sentido, mas o horário disponível seria as noites de sábado --quando a audiência da TV aberta costuma despencar como um todo. Mas antes disso existe uma outra barreira: o próprio Silvio Santos, cujo gosto pessoal determina tudo o que vai ao ar pela sua emissora.
Sobram a TV a cabo, a internet, as plataformas on-demand. Não é pouco. Apesar dos perrengues, o Pânico pode estar diante de uma oportunidade de ouro para finalmente se reinventar. E quem sabe recuperar, se não o faturamento, pelo menos a contundência que já teve em outros tempos.
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