O YouTube censurou Clarice Falcão porque acha que somos todos crianças
A música nem é nova. "Eu Escolhi Você" foi lançada em fevereiro, como parte do álbum "Problema Meu". Inclusive já tinha muitos clipes no internet: alguns só com o áudio, outros com a letra da canção.
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Mas ainda faltava o clipe. Aquele gravado especialmente para promover a faixa, com produção, edição e fino acabamento. O dito cujo entrou no ar na noite desta terça (20), no canal de Clarice Falcão no YouTube.
Foi um deus-nos-acuda. Em menos de duas horas, o vídeo já acumulava mais de 200 mil visualizações, turbinadas até por uma chamada na homepage do UOL.
Só que, nesta quarta (21) pela manhã, "Eu Escolhi Você" já não estava mais lá. Desapareceu do canal da cantora. E quem acessar o antigo link dará de cara com o aviso sombrio: "Este vídeo foi removido por violar as políticas do YouTube sobre nudez ou conteúdo sexual".
Nudez, de fato, o clipe tem muita. Aliás, só tem nudez: é uma sequência de closes em órgãos genitais masculinos e femininos, de todos os formatos.
"Órgãos genitais" soa horrível. Não estou dando aula de anatomia, então vou usar o jargão popular. Se você tiver menos de 18 anos ou se chocar com facilidade, pare de ler agora. Porque, daqui para a frente, só vou falar pau, xoxota e bunda.
Clarice Falcão também tentou avisar. Postou o clipe com a sinalização de +18, que obriga o usuário a comprovar sua idade antes de poder assistir. Muitas vezes, isto basta para que o YouTube tolere vídeos com uma certa carga de nudez e erotismo.
Neste caso, não bastou. A própria cantora já estava esperando, tanto que tuitou uma enquete: "Quando é que cai o novo clipe do ar? Agora, daqui a cinco minutos ou agora?".
Quem já não gostava de Clarice vai chamá-la de aproveitadora, cínica e imoral. Quem gostava entendeu que o vídeo de "Eu Escolhi Você" é uma provocação bem-humorada, que chega a deserotizar completamente os paus, as xoxotas e as bundas exibidas, tamanhas são as intervenções que eles sofrem diante da câmera.
Mas não é disso que se trata esta coluna. Na verdade, quero protestar contra os parâmetros absurdos do Google (que é dono do YouTube) e também do Facebook (dono do Instagram e do WhatsApp).
Esses gigantes da internet são empresas privadas, portanto podem estabelecer suas próprias regras (contanto que essas regras não firam a legislação dos países onde operam).
Seria lindo, se eles também não abrissem as pernas para ditaduras odiosas, reprimissem os discursos de ódio ou não liberassem a circulação de notícias falsas que têm consequências graves no mundo real.
Google e Facebook nos tratam como criancinhas, incapazes de decidir o que podemos ou não ver. E a gente aceita, porque... né?
Em tempo: o clipe de Clarice Falcão pode ser visto no Vimeo em toda sua glória. Dê uma procurada aí —mas não pelo Google.
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