Tony Goes

O Grammy emagreceu, mas deve premiar uma gordinha

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Ontem foi divulgada a lista completa dos indicados ao Grammy. Desta vez, em apenas 78 categorias: para quem ainda acha que é muito, é bom lembrar que no ano passado foram 109.

A Academia da Gravação dos Estados Unidos ceifou nada menos do que 28% dos troféus. Alguns dos específicos para ritmos regionais - como a música havaiana, ou a "nativo-americana" --foram sumariamente eliminados, e os discos desses gêneros agora disputam uma única estatueta. Também não há mais divisão por sexo: cantores e cantoras não correm mais em raias diferentes. Agora estão todos no mesmo páreo.

Mas para o espectador comum nada disto quer dizer grande coisa, já que a cerimônia pela TV mostra a entrega de uns 10 prêmios e olhe lá. Os "quatro grandes" --canção, gravação, álbum e revelação do ano-- continuam firmes e fortes. A maioria dos outros recebe quase tanta atenção quanto a extinta categoria polca.

O Grammy está mais magro, mas a estrela indiscutível desta edição é bem cheinha (e lindíssima, diga-se de passagem). Adele imperou em 2011 com seu segundo disco, "21": foi o mais vendido, o mais tocado, o mais amado. A jovem cantora inglesa --que faturou o Grammy de revelação, dois anos atrás-- agora concorre a seis prêmios, e periga levar todos.

Sua ascensão contrasta com a esnobada que alguns ex-queridinhos levaram da Academia. O rapper Kanye West ainda teve o maior número de indicações, sete, mas só uma entre as categorias mais importantes (melhor canção para "All of the Lights"). Seu álbum "My Beautiful Dark Twisted Fantasy", escolhido por inúmeros jornalistas como o melhor de 2010, só foi lembrado na categoria rap.

Será que Kanye ainda não foi perdoado por ter arrancado um prêmio da MTV das mãos de Taylor Swift, no já longínquo 2009? Mas ela, que papava todas as honras naquela época, desta vez também foi pouco lembrada. O mesmo aconteceu com Beyoncé, que teve seu disco "4" mal recebido por crítica e público.

Outra que saiu com as mãos semi-abanando foi Lady Gaga, com apenas três indicações. Verdade que ela emplacou um disco ("Born This Way") entre os indicados a melhor do ano pela terceira vez consecutiva, uma façanha e tanto. Mas sofreu uma pequena humilhação ao ter o clipe para a faixa-título de seu álbum preterido na categoria vídeo, que preferiu indicar a paródia "Perform This Way", do esquisito Weird Al Yankovic.

Nem os brasileiros escaparam. O campo da "world music" --que já premiou Gilberto Gil, Caetano Veloso e Milton Nascimento - está dominado por africanos. Pelo menos o Brasil tem várias categorias exclusivas no Grammy Latino para se consolar.

A cerimônia de entrega dos Grammys acontece em 12 de fevereiro do ano que vem, e deve ser exibida no Brasil pelo canal TNT, por assinatura. Agora é torcer para que Adele se recupere logo da cirurgia em suas cordas vocais: vai ser estranho não vê-la cantando na noite que promete ser a mais gloriosa de sua vida (até agora).

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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