O "Marília Gabriela Entrevista" (GNT) reapresentou nesta terça-feira (17) de carnaval, em seus "Melhores Momentos 2014", o bate papo com a atriz gaúcha Bárbara Paz, 40.

A atriz, que venceu a primeira edição do reality "Casa dos Artistas", em 2001, (SBT) conta aproximadamente com duas séries, oito filmes, sete novelas e 25 peças de teatro em seu currículo. Recentemente viveu a personagem Ana na série "Dupla Identidade" (2014) e marcou presença com a sua Edith na novela "Amor à Vida" (2013), ambos na Globo.

"Eu sou muito agitada, sou ansiosa, eu preciso estar criando, inventando coisas, preciso estar me sentindo útil, em ebulição", declara a atriz logo de início. "Mesmo estando no palco, no teatro, na televisão, o que quer que eu esteja fazendo, eu nunca estou satisfeita, estou sempre querendo mais", declara a atriz.

"A Bárbara", confidenciou a atriz referindo-se a si mesma na terceira pessoa, "é uma pessoa muito solitária que precisa conviver com essa solidão criando. Eu sou assim", concluiu. "Eu acho que se eu não tivesse o palco na minha vida eu enlouqueceria mesmo! O palco é a minha casa, é onde eu me sinto acolhida e onde eu posso criar e voar! Se eu não tivesse o teatro na minha vida, eu estaria bem perdida", acrescenta.

Sobre a Edith de "Amor à Vida", Bárbara confessa que acabou a novela com uma satisfação enorme, "já com uma saudade imensa e com orgulho de mim". "Dar vida a uma mulher como a Edith, contracenando com Matheus Solano que é um grande ator – com um personagem homossexual, e você fazer uma mulher que aceita um homem assim com as suas tendências, o que é uma contemporaneidade", coloca Paz.

E reflete: "No mundo que a gente vive hoje, será que eu Bárbara aceitaria? Eu acho que sim, porque a minha cabeça é muito aberta, eu entendo o ser humano na sua essência e eu respeito muito cada um", frisou a atriz. "Dar vida à Edith para mim foi fundamental, foi muito bonito mesmo. Cada cena para mim era feita com muita verdade, porque eu queria falar aquilo também, não só a personagem".

"Fazer teatro e novela ao mesmo tempo é o complemento fundamental para mim", confessa a atriz que começou no teatro com o diretor Antunes Filho e depois juntou-se à trupe de 'clowns' dos Parlapatões. "Eu usei tudo que aprendi com eles na peça que fiz Vênus em Vison", sob a direção de Hector Babenco, com a qual foi indicada ao Prêmio Shell de Melhor Atriz. "Porque lá eu precisava ser uma palhaça!", conta Bárbara que estava excelente no espetáculo.

"Tendo presente na memória aquele momento em que venceu a "Casa dos Artistas" e presenciando atualmente o "BBB" sei lá que número, mudou muita coisa nos realities?", perguntou Gabi. "Eu não vou te dizer que eu assisto todos os 'BBB's porque eu realmente não assisto, até porque eu nunca estou em casa à noite —ou estou ensaiando ou no teatro. Assisti alguns. O que eu acho que mudou foi a questão da novidade. Em 2001, quando eu fiz, ninguém sabia o que era, aquilo ainda era uma coisa ingênua", comenta a atriz.

E destaca um detalhe: "A final chegou a dar 59 pontos no Ibope. Eu lembro que a Folha publicou: 'Na guerra da audiência vence a Paz'! Eu recortei e coloquei isso num quadro, porque eu achei tão lindo! Eu me lembro muito bem, eu estava muito bem fazendo o meu teatro 'underground' e me chamaram para fazer esse reality show. Eu realmente não imaginava que fosse isso. Isso foi um marco na televisão e na minha vida", afirma a atriz.

"A diferença para os 'BBB's de hoje, eu acho que tem uma fórmula hoje. Não estou denegrindo o programa que tem muito Ibope e é muito bem feito. Acho que o Brasil gosta disso e precisa disso. O ser humano, as pessoas se alimentam do ser humano. Quanto mais a pessoa tem para oferecer na casa, mais verdadeiro fica e mais o programa funciona. O que mudou é que todos ali (na primeira edição da 'Casa dos Artistas') eram marinheiros de primeira viagem, inclusive eu que era uma adolescente quase", relembra Paz.

"Doidinha do jeito que eu era, eu não me preocupava com as câmeras, eu nem sabia onde estavam realmente. Algumas pessoas já estavam mais preparadas, estavam mais acostumadas com televisão. Eu não estava, nunca tinha feito novela. Ao mesmo tempo foi bonito, é uma coisa que eu vou levar para sempre. Eu falo que foi o meu primeiro acampamento de férias. Eu ser a primeira vencedora de reality show do país é um orgulho!", confessa Bárbara Paz.

Sobre a sua separação do então marido Hector Babenco, a atriz se mostra muito cautelosa: "O Hector vai ser um amor 'infindado' na minha vida. Ele vai estar comigo para o resto da vida. Há pessoas que entram na nossa vida para nunca mais sair, e ele é uma dessas pessoas. É um momento muito delicado que eu estou vivendo de transformação, ele também. A gente está respeitando o nosso momento. É só isso que eu posso te falar", responde a atriz para Marília Gabriela.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"