Renato Kramer

'Estaria legitimando o amor sem consequências', diz padre Marcelo Rossi sobre uso de camisinha

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O padre Marcelo Rossi ficou "De Frente Com Gabi" (SBT) neste domingo (14). E abriu o seu coração. "Sou um livro aberto", afirmou.

"Eu tenho um amigo, o Chicão, que está comigo há 25 anos", desabafou o padre Marcelo, "ele andou contando: eu já tirei mais de 23 mil fotos com fiéis e fãs, você sabe o que é isso?!". "Deus me livre!", retrucou a apresentadora Marília Gabriela, "até que você saiu rápido dessa depressão!".

Padre Marcelo já confessara há muito que era chocólotra. Gabi tocou no assunto: "Eu adoro um padre que confesse um pecado! Acho bonito você assumir a sua humanidade, o seu lado humano, normal, natural —gosto disso!", comentou Gabi.

"Eu tenho um amigo que me condena muito por causa disso", declarou padre Marcelo. "Você não pode contar os seus defeitos —ele me diz. Eu acho o contrário: todos nós temos as nossas fraquezas. As pessoas é que colocam a gente num pedestal —a mim principalmente, pelo fato de ser padre. Eu tento mostrar que sou uma pessoa normal que quer viver a santidade. Que crê no que faz. Eu amo o que faço", concluiu padre Marcelo.

Pedofilia, dentro e fora da Igreja, a sua vida investigada pelo Vaticano, as ideias de mudança do Papa Francisco —tudo foi assunto na entrevista do padre Marcelo Rossi. E o ponto crucial, que seria o maior temor do clérigo: o fanatismo.

"Você não tem noção do poder que nós temos, que a mídia nos dá, de fanatizar uma pessoa!", observou padre Marcelo com seriedade. "Se eu falar que você está agora usando vermelho, os meus fiéis vão falar que você está de vermelho —e, lógico, você não está de vermelho!". "Mas eles acreditam em você", concordou Gabi.

"E não é só na Igreja Católica. Seja qual for a religião, levada ao extremismo, levada ao fanatismo, é um perigo! Eu sempre digo: há uma linha tênue entre o fanatismo e a loucura. Então, o meu maior medo é fanatizar as pessoas!", confessou o padre.

Crédito: Carol Soares/SBT Padre Marcelo Rossi posa ao lado de Marília Gabriela no "De Frente Com Gabi"
Padre Marcelo Rossi posa ao lado de Marília Gabriela no "De Frente Com Gabi"

Gabi aproveitou a deixa do poder de influência do padre para cobrá-lo: "A Igreja ainda insiste em ficar contra o uso do preservativo, que não só favorece a questão da gravidez indesejada, como a questão das doenças sexualmente transmissíveis. Você com esse poder devia repensar essa causa!", observou a apresentadora.

"Eu penso", respondeu o padre Marcelo. "Mas se eu legitimo a camisinha, eu estou legitimando o amor sem consequências. A Igreja é formadora. Eu quero formar pessoas. Entenda o que eu vou falar —eu sei que vou ser criticado, mas eu vou falar, não tenho medo: um exemplo é o 'fome zero'. Algumas pessoas que recebem a cesta básica ou o dinheiro para a família, não querem mais trabalhar. Para quê? Eu recebo o dinheiro!", critica padre Marcelo.

E vai mais longe. "Então eu tenho que ensinar a pessoa a pensar, não ser paternalista!". Quanto a ter aberto mão dos direitos autorais do seu mais recente CD para que custasse apenas R$ 10 e o seu público tivesse maior acesso, o padre explicou abertamente: "Gabi, a situação do Brasil está feia! Eu faço compras, a inflação está aí! Então o governo está escondendo. É sério! Está muito mal contado. Eu fico preocupado com 2015 —Marília como nós vamos segurar o Brasil?!", delatou.

Padre Marcelo Rossi, que recentemente saiu de uma depressão profunda, declarou ainda: "Está mais do que provado: todos vamos passar pelo psiquiatra! Todo o ser humano no novo milênio um dia vai parar no divã!", afirmou padre Marcelo. "Ele vai ter que parar para sair dessa loucura que nós estamos entrando: esse mundo de hoje é um crime, é loucura!", ressalta o padre que tem mais de 8 milhões de seguidores nas redes sociais.

"Você está emitindo opiniões aqui que antes você fugiria", observou Marília Gabriela. "Eu fugia porque não tinha convicção", confessou padre Marcelo Rossi. "A partir do momento que eu tenho convicção, eu não vou fugir. Eu creio no que estou falando, e as consequências disso eu tenho que arcar. É uma coisa muito séria!", concluiu.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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