Talento de Lilia Cabral é destaque no filme 'Divã'
O filme "Divã", de José Alvarenga Jr., baseado no livro homônimo de Martha Medeiros, foi o escolhido da "Sessão Brasil" (Globo) para a noite desta segunda-feira (16).
No roteiro, Mercedes (Lilia Cabral) resolve dar início a uma terapia para descobrir o que há de errado em ser tão feliz. Mal sabia ela que a sua vida "pacata e feliz", de mulher bem casada com dois filhos criados, estava prestes a sofrer uma grande reviravolta.
O texto de Martha Medeiros é reconhecido pela riqueza de detalhes que a autora consegue detectar no ser humano. Junte-se a isso uma direção precisa de José Alvarenga Jr. e um bom elenco, encabeçado pela atriz Lilia Cabral e pronto: sucesso garantido.
Lançado em 2009, o filme alcançou a marca de mais de 1,5 milhões de espectadores. Ganhou o prêmio de melhor filme no "Brazilian Film Festival of Miami". Lilia Cabral ganhou o prêmio de melhor atriz neste e no "Grande Prêmio Cinema Brasil" - mais do que merecidamente.
Lilia consegue sempre manter um frescor em suas interpretações. O seu carisma é natural: a sua risada é contagiante e a sua lágrima é comovente.
Mercedes está impagável quando resolve, às vésperas da separação do seu marido Gustavo (José Mayer, ótimo no papel), curtir a vida. E tem muita sorte, porque logo de cara conhece o encantador Théo (Reynaldo Gianecchini, sempre sedutor) com quem tem um affair.
Logo depois de separada, procura o seu cabeleireiro René (uma divertida participação de Paulo Gustavo) para repicar o cabelo e cair na balada com o seu novo namoradinho Murilo (Cauã Reymond - Prêmio de Melhor Ator Coadjuvante) de apenas 19 anos de idade. A cena de Mercedes tentando tirar a meia-calça "pressão máxima" no banheiro da boate antes de transar com Murilo é hilária.
E "Divã" ainda conta com a atriz Alexandra Richter, que forma uma excelente dupla com Cabral vivendo Mônica, a melhor amiga de Mercedes. As duas divertem a plateia o tempo todo com suas peripécias, ao mesmo tempo que são responsáveis pela cena mais comovente do filme: quando Mônica surpreende Mercedes com um câncer arrebatador e, em seu leito de morte, pede que a amiga prometa que vai cuidar do seu marido e da sua filha.
A sequência da cena em que Mercedes acompanha a morte da amiga e sai do quarto do hospital segurando o choro até desabar ao entrar no seu carro é de arrepiar. Grande Lilia Cabral. Parece que foi ontem (1977) que a vi pela primeira vez com aqueles seus cintilantes olhos azuis nos corredores da EAD (Escola de Arte Dramática - USP), quando veio ao meu encontro pedir para que eu a preparasse para entrar na escola.
Assim foi feito, e nos tornamos grandes amigos. E eu sempre seu fã, desde as suas brilhantes performances nas montagens da EAD – como a sensível Charlotte Cordeille em "Marat-Sade", a secretária perversa em "A Peste" e a exuberante Marigaila de "Divinas Palavras", até a sua primeira participação no teatro profissional, ao lado do saudoso Clodovil em "Seda Pura e Alfinetadas".
De lá pra cá, todos conhecem a sua trajetória de sucessos nos palcos e nas telas. "Divã, O Filme", com Lilia Cabral, será sempre uma excelente opção.
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