Renato Kramer

Famílias brasileiras se mostram intolerantes em reality "Perdidos na Tribo"

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"É tudo diversão! A única coisa que tá segurando a gente aqui é esse povo ser assim!", confidenciou a matriarca da família carioca Oliva. Esta é uma das três famílias que participam do reality "Perdidos na Tribo" (Band), baseado no sucesso internacional "Ticket To The Tribes".

'Esse povo' a que a administradora Katia Oliva (52) se referia era a tribo indígena Mentawai, que vive nas ilhas da Indonésia. Foi para lá que ela, o marido Marco (50) e os filhos Juliana (24) e Fellipe (22) --cariocas que moram em São Paulo, capital, se debandaram. Enquanto o marido e o filho faziam um treinamento de arco e flecha, Katia e Juliana se queixavam de fome.

"A gente tá deixando de comer... cada dia mais. Tá difícil pra caramba, viu?", confessou a administradora. "Nenhum ser humano se acostuma em dez dias numa cultura assim. Isso não existe!", desabafou Katia Oliva.

"A partir de hoje você vai morar aqui e vai ter duas esposas. Você pode fazer sexo com as duas, sem problema", ordenava o chefe da tribo africana Hamer que vive no sudoeste da Etiópia. Quem ouvia as ordens, sem ousar esboçar nenhuma reação, era o também administrador Larry (Ladislau Sackiewickz, 51), que também saiu de São Paulo com a esposa Telma (49) e os filhos Natalia (22), Alexandre (20) e Vitor (17), para viver essa aventura certamente inesquecível.

Ao assistir os dois irmãos cavando a terra seca sob um sol escaldante para começar a construção da tal 'casa' da família, Natalia declarou: "a primeira coisa que eu faria seria o encanamento, para garantir a minha pia, a minha piscina... e seria no mínimo cinco vezes maior!".

Em seguida, ela e a mãe passaram por uma verdadeira prova de fogo. Como pelas regras da tribo é proibido o uso de água para o banho das mulheres, as nativas têm que ingerir a água como se fossem beber e então cuspi-la na outra, na parte que deve ser lavada. É quase inacreditável.

Natalia recebe a primeira golfada com surpresa e reage virando o rosto enojada. Quando vira-se novamente para pedir que a nativa não repita aquilo, leva uma golfada maior que a faz calar-se. E é na cara, nas mãos e até no cabelo! Logo depois foi a vez da mãe, a empresária Telma Sackiewickz. Após a parte que lhe cabia de 'cusparada geral', Telma vingou-se fazendo o mesmo com as nativas que se divertiam muito com o espanto das duas. "Foi engraçado, pra não dizer que foi triste", declarou Natalia sobre o higiênico 'banho'. Que falta pode fazer uma simples duchinha!

Já na região da Namíbia (África), a tribo de nômades Himba ensina a família Menendez, de Campinas (SP), a fazer a 'dança do touro'. O estudante Guilherme (25) não se entusiasmou muito, se recusando a participar da dança, o que deixou os anfitriões bem contrariados. Para compensar, as irmãs Bruna (23) e Juliana (21) resolveram retribuir a gentileza ensinando-lhes uma 'dança brasileira'. Colocaram "Ai, Se Eu Te Pego!", com Michel Teló no som e começaram a coreografia respectiva.

Não deixaram de ser no mínimo 'pitorescos' os comentários de dois nativos algum tempo depois. "A música deles não é muito boa", disse um deles com convicção. "O bom é que elas (as moças) deixam pegar na cintura delas!", foi o máximo que conseguiram arrancar do outro jovem Himba.

Pouco antes dos festejos, um ritual comum aos Himba foi executado na frente de toda a família Menendez. Ao chegar a uma certa idade, são arrancados alguns dentes da arcada inferior dos meninos para facilitar-lhes a prática do cuspe. E arrancados a golpes de uma pedra num sarrafo, até saírem. No seco, literalmente.

"Com certeza foi uma das cenas mais horríveis que eu já vi. Eu nunca teria coragem de fazer isso com o meu filho!", confessou o comerciante Jaime Menendez (54). Enquanto isso lá na Etiópia, a jovem Natalia Sackiewickz escapava das investidas de um insistente Hamer - o sedutor Duko, com a ajuda de uma amiga, também nativa da tribo Hamer. "Eu não entendo essas mulheres", dizia intrigado com a recusa o nativo Duko.

Intrigante, curioso, aflitivo e enriquecedor. Assim é "Perdidos Na Tribo", que vai ao ar às sextas-feiras, 23h, na Band. Entre outras coisas, uma verdadeira aula de antropologia.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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