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Renato Kramer

"Macho Man" prova que humoristas estão querendo "chutar o balde"

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Tudo o que o episódio de reestréia acertou na mão na semana passada, o da noite de ontem - o segundo da nova temporada de "Macho Man", extrapolou e escorregou no exagero. Mas divertiu! Sabe-se que "bunda" já não é um termo proibitivo na telinha, nem mesmo na novela das seis. Mas no episódio de ontem de "Macho Man" a bunda 'abundou'!

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O assunto surgiu quando Valéria (Marisa Orth) resolveu comentar que a bunda de Zuzú era extrovertida. "Você acha a minha bunda extrovertida?", perguntou Zuzú com ar de quem quer saber se isso é bom ou ruim. "A sua bunda é mais extrovertida do que a Regina Casé depois de cinco chopps!", responde Valéria enfática. Espirituoso. Divertido. Mas já estava de bom tamanho.

Momentos depois, Valéria descobre que alguém andou tecendo comentários sobre a sua bunda. Vai até Zuzú e tira satisfações. Para ela, se alguém poderia saber de detalhes sobre o assunto seria ele. Zuzú desconversa. No 'toalete' com a cliente 'bêbada' do salão, Venneta (Rita Elmôr), Valéria aproveita para se certificar: "O que é que tem de estranho com a minha bunda?". "Tudo", responde Venneta, "ela parece o Alfred Hitchcock!"

Não se sabe até que ponto os autores tiveram a intenção de homenagear o cineasta anglo-americano considerado o "mestre do suspense". Não acredito muito que a sua fleuma britânica permitisse muita euforia ao saber com o que estava sendo comparado, em todo o caso. (Confesso que dei muita risada pelo inusitado da coisa.)

"Tô boba!", disse Zuzú para a sua atual noiva Helô, que conseguiu um super-hiper-mega hair para realizar este episódio. Até porque um dos cernes do roteiro, afora a 'bunda', era exatamente o plano diabólico de Valéria para destruir o cabelão da arqui-inimiga.

"Boba? Não acho legal você manter esse hábito gay de falar as coisas no feminino agora que você não é mais gay e está namorando comigo" - repreende-o Helô. "Tô bobo!", consertou Zuzú, engrossando a voz. Ao começar a preparar o cabelo da 'amada' para um compromisso, começou a esborrifar água, mas logo descobriu que se tratava de limpa vidros.

Sem perceber ainda o desastre, Helô grita, mandando-o parar: "as pessoas podem ver qualquer parte do meu corpo umedecida, menos o meu cabelo". Enquanto isso, Nikita (Natalia Klein) propõe o plano do 'helicóptero de brinquedo' com controle remoto, para destruir a cabeleira de Helô. E pior, o plano funciona!

"Como é que eu não pensei nisso antes: acabar com o cabelão de alguém com um helicóptero com controle remoto?!", pergunta-se Valéria. "Pra isso tem que ter uma mente brilhante como a minha", vangloria-se Nikita - num olho que era um preto só, 'mais preto que a asa da graúna'!

Em outro momento, atendendo o telefone na recepção, Nikita respondeu com toda a calma para uma cliente audaciosa que lhe mandara "à merda"! "Não, não posso ir à merda. Tenho academia às duas e análise às três!". Interpretação? Dez.

A questão é que fica difícil não gostar do quiprocó de "Macho Man" pela agilidade da direção, a categoria dos figurinos (volto a dizer) e especialmente pela interpretação dos atores - que podem estar falando literalmente "merda", mas o fazem de verdade, com empenho, ritmo e energia. Eles têm prazer em fazer os seus papéis, e isso passa nas atuações.

Ao tentar impedir que o vídeo com o helicóptero destruindo os seus cabelos caísse na rede, Helô oferece dinheiro para as três cúmplices: Nikita, Valéria e Venneta. Essa última sugere, animada e 'trêbada': "pede logo um bilhão, pra cada uma!". "Um bilhão?", pergunta Valéria espantada. "Sim, porque um milhão qualquer BBB tá ganhando!", conclui a ex-modelo alcoólatra.

Talvez pela exaustiva exigência do tal 'politicamente correto' estar pairando por aí, os programas de humor estejam sentindo a necessidade de 'chutar o balde".

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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